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O ex-ditador chileno Augusto Pinochet morreu sem jamais ter sido condenado pelos crimes que cometeu em seus 17 anos de governo, mas o celebrado modelo de livre mercado que promoveu continua vivo entre seus opositores que governam o Chile.

Pouco depois do golpe militar de 11 de setembro de 1973, em que derrubou o presidente socialista Salvador Allende, Pinochet cercou-se de economistas, vários formados pela Universidade de Chicago, e implantou reformas profundas, que se transformaram nos pilares de uma economia que arranca sorrisos em Wall Street.

No governo de Pinochet, com custos para a sociedade, o Chile abriu-se para o comércio exterior, os preços foram liberados, as contas públicas foram reguladas, a maioria das empresas estatais foi vendida e a Previdência foi privatizada, entre outras mudanças.

As reformas foram imitadas por outros países latino-americanos, como Argentina, Peru e México. Há anos, a economia chilena é a que tem o menor risco de crédito em toda a América Latina.

``O milagre econômico chileno não foi um milagre. Foi um programa'', já declarou Hernán Buchi, ministro da Fazenda de Pinochet.

Mas os bons números da economia são ofuscados pela morte de cerca de 3.000 pessoas durante a ditadura, e pela tortura de outras 28 mil.

``Acho que devemos o que o Chile é hoje ao modelo adotado em seu mandato, a economia social de mercado, a abertura comercial que nos permitiu hoje em dia ser um país modelo a ser imitado por todo o mundo'', disse Luis Schmidt, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura.

``Não se pode negar que houve outros temas dos quais não podemos nos orgulhar, mas é a história que deve julgar aqueles fatos'',acrescentou.

Apesar da diferença na postura política, os presidentes da coalizão de centro-esquerda, a Concertación, que assumiu o poder a partir de 1990 e permanece até hoje, mantiveram as diretrizes econômicas, indo até mais além, com medidas como a concessão de obras de infra-estrutura.

``Cada uma das características do modelo atual tem a ver com alguma reforma implementada entre 1975 e 1985, e o mais notável é que elas se mantiveram com o tempo'', afirmou Raphael Bergoeing, economista-chefe da Banchile Corretores de Bolsa.

``Temos aqui um modelo que valida o papel do setor privado como produtor e gerador de serviços e bens que tradicionalmente eram públicos, e depois a Concertación não só a validou como a reforçou, por exemplo com as licitações das estradas, coisa que jamais tínhamos pensado na década de 1960'', acrescentou.

No terreno econômico, a única reforma de envergadura nas últimas décadas foi anunciada este ano, na área do sistema privado de pensões, vigente desde 1981, que a presidente Michelle Bachelet quer fazer chegar a mais pessoas.

``Na minha avaliação pessoal, o modelo já se pagou, o Chile é um país aberto, já pagamos os custos sociais e temos de ir em frente'', disse o industrial Roberto Fantuzzi, dirigente dos exportadores de manufaturas.

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