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A proposta do candidato à Presidência da França Nicolas Sarkozy de criar um único ministério para a imigração e a identidade nacional deixou indignados grupos de defesa dos direitos humanos e políticos de vários partidos, mas uma pesquisa divulgada na sexta-feira mostrou que os franceses aprovam a idéia.

Os contrários à proposta argumentam que unificar essas duas políticas estigmatizaria os imigrantes. E dizem ainda que a idéia é um golpe baixo de Sarkozy, que tenta atrair eleitores da extrema direita a fim de contrabalançar a crescente popularidade do centrista François Bayrou.

Mas uma pesquisa feita pelo instituto OpinionWay para o jornal Le Figaro descobriu que 55 por cento dos franceses concordavam com a proposta do candidato e 65 por cento, com a justificativa de que ``os imigrantes que se unirem a nós precisam aderir à identidade nacional.''

A idéia de Sarkozy, atual ministro do Interior da França, encontrou apoio não apenas dentro do partido UMP (ao qual pertence), mas também entre simpatizantes da extrema direita e do partido UDF (de Bayrou).

E conseguiu penetração até mesmo entre 31 por cento dos simpatizantes dos socialistas entrevistados.

A questão da imigração vem dominando as manchetes desde que Sarkozy fez a proposta, na semana passada, recolocando o assunto no centro da campanha presidencial, dominada até então por debates sobre o desemprego e preços do setor energético.

O candidato, que lidera as pesquisas de opinião, fez da linha-dura sobre a imigração uma das bases de sua campanha, tentando tirar eleitores do principal líder de extrema direita da França, Jean-Marie Le Pen, que surpreendeu o país em 2002 ao passar para o segundo turno das eleições presidenciais.

A candidata socialista, Ségolène Royal, que aparece em segundo lugar nas pesquisas, afirmou que Sarkozy tentava assustar as pessoas fazendo uma conexão ``inaceitável'' entre a imigração e a identidade nacional.

Imagens de imigrantes desesperados somadas a temores sobre o terrorismo e o desemprego alimentam um sentimento de insegurança e o debate sobre a imigração na Europa e nos EUA.

Direita

Sarkozy diz não haver nada de mal em tentar atrair votos da extrema direita. ``Eu não concordo com a tese de que falar sobre imigração seja algo ligado aos extremistas ou ao racismo,'' disse, em um evento de campanha realizado em Nantes (oeste da França), na quinta-feira.

``Desde 1983, temos a extrema direita mais forte da Europa. Não podemos continuar agindo como se ela não existisse. Quero falar com os que se aproximaram da extrema direita porque eles estão sofrendo.''

Sarkozy adotou medidas duras de combate aos distúrbios ocorridos nos subúrbios de grandes cidades do país, subúrbios onde moram principalmente imigrantes, e destacou-se no caso envolvendo a expulsão de alunos imigrantes de algumas escolas no ano passado.

Apesar de a estratégia dele parecer estar atraindo apoio de eleitores, muitos políticos, entre os quais alguns do governo, discordam dela.

``É indecente misturar a imigração com a identidade francesa em um mesmo ministério'', afirmou na sexta-feira Azouz Begag, ministro para a promoção de oportunidades iguais.

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