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Manifestante mascarado durante um protesto contra a independência da Catalunha, em Barcelona | JOSEP LAGO/AFP
Manifestante mascarado durante um protesto contra a independência da Catalunha, em Barcelona| Foto: JOSEP LAGO/AFP

Enquanto se aproxima o domingo (1), data do controverso referendo pela independência catalã, as disputas políticas têm emaranhado as instituições do país, opondo inclusive as diferentes forças policiais entre si.  

A Catalunha, uma região espanhola já parcialmente independente, quer separar-se por completo da Espanha. O governo central em Madri, porém, diz que o referendo é ilegal e planeja impedi-lo. Essas posições irreconciliáveis significam que diversos órgãos estão em embate.  

A desavença mais recente ocorreu entre o Ministério Público catalão - um corpo independente, mas alinhado ao governo central - e a polícia autônoma catalã, chamada de Mossos d'Esquadra.  

O Ministério Público ordenou na terça-feira (26) que os Mossos cerquem os colégios eleitorais e impeçam o voto. A polícia catalã, no entanto, respondeu negativamente nesta quarta-feira (27).  

Pere Soler, diretor dos Mossos, escreveu em sua conta oficial na rede social Twitter: "Que ninguém se equivoque. A principal missão é garantir direitos, e não impedir o seu exercício".  

O conselheiro catalão de Interior, Joaquim Forn, espécie de ministro regional, também desafiou as ordens do Ministério Público - conhecido na Espanha como Fiscalía - e afirmou que os Mossos vão permitir o referendo deste domingo.

A situação se complica porque Madri enviou centenas de membros da Polícia Nacional para a Catalunha para garantir a ordem durante o domingo, em que é previsto algum grau de confronto entre independentistas e as forças de segurança.  

Também foram deslocadas tropas da Guarda Civil, espécie de polícia com atribuições militares ligada aos ministérios de Interior e Defesa. 

Diante desse cenário, o conselheiro Forn disse na quarta que "a Polícia Nacional e a Guarda Civil vêm à Catalunha alterar a ordem".  

O governo catalão diz não poder estimar o número de policiais enviados por Madri, movimento que descreve como "em massa", por não ter sido informado oficialmente.  

O envio de policiais à Catalunha causou bastante incômodo nesta semana, com celebrações organizadas em diferentes regiões da Espanha para celebrar seu deslocamento. Cidadãos aparecem, em vídeos, gritando "a por ellos!" aos policiais -algo como "peguem eles".  

"As imagens são inacreditáveis", afirmou o conselheiro Forn. "É como se fossem a uma guerra ou colonizar, e ninguém lhes desautorizou".  

Histórico  

O movimento pela independência da Catalunha é antigo, com influência das ideologias nacionalistas do século 19. Mas esse projeto ganhou força nos últimos anos com a formação de um governo regional em 2015 de partidos pró-independência.  

O argumento é tradicionalmente cultural. Catalães têm, afinal, sua própria história e língua, em paralelo à sua identidade espanhola.  

Mas ativistas passaram a insistir, recentemente, em razões econômicas: a Catalunha contribui com 20% do PIB espanhol, mas se ressente de não receber um repasse proporcional. Há a sensação de que, independente, essa região poderá ter um melhor desempenho econômico.  

O referendo deste domingo é ilegal, no sentido de que contraria a lei espanhola, inclusive uma decisão clara do Tribunal Constitucional. 

Mas o Parlamento catalão planeja declarar depois de 48 horas do voto sua independência de maneira unilateral. Se o gesto for de fato feito, a situação pode escalar de maneira considerável, com o governo central em Madri revogando a autonomia catalã e tomando o controle.  

Analistas preveem que nesse cenário o presidente catalão, Carles Puigdemont, será detido na semana que vem, agravando o cenário.

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