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Policial belga usa brasão da França, em homenagem às vítimas dos ataques, enquanto faz a guarda e frente ao Parlamento europeu | PASCAL ROSSIGNOL/REUTERS
Policial belga usa brasão da França, em homenagem às vítimas dos ataques, enquanto faz a guarda e frente ao Parlamento europeu| Foto: PASCAL ROSSIGNOL/REUTERS

Os investigadores do massacre em Paris suspeitam de um segundo terrorista foragido, informou o jornal francês “Le Monde” nesta terça-feira (17). Segundo os depoimentos recolhidos pela polícia, o carro que levou os jihadistas para um dos locais atingidos pelo massacre tinha três passageiros: os dois irmãos Salah e Ibrahim Abdeslam e, possivelmente, um terceiro homem ainda não identificado que estaria fugindo das autoridades.

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O veículo, um Seat preto, foi encontrado no sábado no subúrbio da capital francesa com três fuzis automáticos.

Em mais uma noite de buscas e amparada pelo estado de emergência imposto depois dos atentatos, a polícia francesa conduziu mais 128 operações durante a madrugada por todo o país sem mandados judiciais, e dez pessoas foram detidas, informou o ministro do Interior Bernard Cazeneuve.

No dia anterior, o governo anunciou 168 ações policiais, com 23 detenções e 31 armas confiscadas, mas sem vínculo direto com os atentados de sexta-feira, que deixaram 129 mortos e mais de 350 feridos.

Enquanto as investigações sobre o caso avançam, nesta terça-feira os agentes localizaram um carro supostamente alugado por um dos terroristas, o procurado Salah Abdeslam, e dois quartos de hotéis que podem ter sido usados por ele e outros agressores.

“Um Clio preto, encontrado na Praça Albert Khan no 18º arrondissement de Paris, poderia ter servido à preparação dos atentados”, disse uma das fontes policiais à agência. “Esse carro foi percebido na autoestrada A1 e poderia ter feito parte de operações preliminares entre Paris e Bélgica”.

Depois de concluir que não havia explosivos dentro do veículo, a polícia o retirou do local. Segundo o jornal “Liberatión”, o carro de placa belga foi alugado pelo francês Salah Abdeslam, para quem foi emitido um mandado de captura internacional no domingo. Ele é irmão de um dos suicidas nos ataques, Ibrahin Abdeslam.

Salah também teria reservado dois quartos em um hotel no Sudeste de Paris, entre os dias 11 e 17 de novembro. Um vídeo do jornal “Le Point”, foram encontrados no local caixas de pizzas, chocolates e seringas usados pelos terroristas, que chegaram dois dias antes do ataque.

A polícia investiga se as agulhas foram usadas para elaborar os explosivos ou se eram injeções hipodérmicas. Contactado pelo “Guardian”, o dono do hotel negou que os homem estiveram lá.

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Operações na Bélgica e Alemanha

Junto à França, a Bélgica também vive um momento de muita tensão, com novas operações policiais realizadas no país nesta terça-feira. Até agora, sete pessoas supostamente ligados aos atentados foram detidas no território belga, mas cinco já foram libertadas. Os dois que seguem presos, Hamza Attou y Mohamed Amri, teriam se deslocado para o distrito de Molenbeek, no subúrbio de Bruxelas, onde esperavam Salah.

Na Alemanha, a polícia prendeu duas mulheres e um homem na cidade de Aachen - perto da fronteira entre Bélgica e Holanda - que também teriam ligações com as ações terroristas em Paris. Os agentes não divulgaram mais informações sobre os detidos.

Busca por envolvidos

Depois de identificar cinco dos autores dos ataques, o governo francês divulgou nesta terça que não sabe número de pessoas envolvidas. À rádio France Inter, o primeiro-ministro Manuel Valls disse que os agentes ainda investigam se os terroristas agiram com cúmplices.

“Há talvez, na França ou na Bélgica, cúmplices dos indivíduos associados a esta matança”, disse Valls. “Há duas ou três equipes? Como operaram? O que aconteceu exatamente no Stade de France? A investigação avança, mas com a discrição necessária”, afirmou.

Na mesma entrevista, Valls anunciou que François Hollande viajará na próxima semana a Washington e Moscou para discutir com os presidentes Barack Obama e Vladimir Putin a formação de uma coalizão contra o grupo Estado Islâmico (EI) na Síria.

Detectores em estações

Em mais uma medida para se proteger de ameaças terroristas, a ministra francesa dos Transportes, Segolene Royal, pediu à companhia ferroviária nacional (SNCF) que instale detectores de metais em todas as estações de trem, em um esquema parecido nos embarques de aviões.

“Já fazemos isso para os trens internacionais e acredito que este controle também deve ocorrer nos trens na França”, afirmou ela.

Novos ataques na Síria

A França voltou a bombardear nesta terça-feira a cidade de Raqqa, no centro-norte da Síria, considerada a “capital” do Estado Islâmico, anunciou o ministério francês da Defesa.

“O Exército francês conduziu pela segunda vez em 24 horas um ataque aéreo contra Daesh [acrônimo em árabe do EI], em Raqqa, na Síria”, indicou o ministério em comunicado.

A ofensiva, lançada às 22h30 de segunda-feira em Brasília, contou com a participação de dez caças – Rafale e Mirage 2000- que saíram de bases nos Emirados Árabes e Jordânia e lançaram 16 bombas, missão similar à ocorrida no domingo.

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Concessões na UE

O comissário de economia europeu, Pierre Moscovici, disse nesta terça-feira que o Executivo da União Europeia pode oferecer uma margem de manobra à França em seu orçamento levando em consideração as prioridades de segurança do país na esteira dos ataques em Paris.

Na segunda-feira, o presidente francês, François Hollande, prometeu não conter despesas para reforçar e equipar suas forças de segurança e agentes da lei no combate ao terrorismo, mesmo que isso eleve o déficit orçamentário para além dos limites europeus.

“Uma coisa que está clara nas atuais circunstâncias é que, neste momento terrível, a proteção dos cidadãos, a segurança dos cidadãos na França e na Europa é a prioridade absoluta”, afirmou Moscovici, ex-ministro das Finanças francês, em uma coletiva de imprensa que tratou da análise dos orçamentos de todos os países do bloco.

Ele disse que as normas orçamentárias da UE têm flexibilidade para permitir que os Estados reajam a “circunstâncias inesperadas” e que a união irá reavaliar o orçamento francês em vista dos novos gastos --embora até o momento não tenha havido impacto no orçamento previsto para 2016.

“Iremos reavaliar todos os possíveis gastos orçamentários destes novos desdobramentos”, afirmou Moscovici. “É cedo demais para dizer como irão impactar a trajetória orçamentária da França.”

O vice-presidente europeu para o euro, Valdis Dombrovskis, disse na entrevista coletiva que a França tem espaço de manobra dentro das normas orçamentárias da UE.

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