Cartazes prestam tributo ao brasileiro Jean Charles de Menezes, do lado de fora da estação de metrô Stockwell, em Londres, em 22 de setembro, época do reinício do inquérito sobre o caso| Foto: AFP

A Comissão Independente de Reclamações contra a Polícia Britânica anunciou nesta segunda-feira (13) que abriu uma investigação sobre um policial da Scotland Yard que admitiu ter alterado provas durante a investigação da morte do brasileiro Jean Charles de Menezes.

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O policial de alta patente, conhecido publicamente apenas como "Owen", admitiu nesta segunda-feira, no novo inquérito sobre a morte do brasileiro, ter suprimido texto nas anotações que fez em seu computador sobre a operação na qual o brasileiro acabou morto por policiais no metrô de Londres, em 22 de julho e 2005, confundido com um suposto terrorista.

"Owen" declarou que em 8 de outubro passado eliminou uma linha que informava que a policial encarregada da operação, Cressida Dick, havia dito que o brasileiro podia entrar no metrô "porque não levava nada".

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"CD (Cressida Dick"): pode entrar no metrô porque não leva nada", diria a linha eliminada.

O agente explicou que decidiu apagar a linha porque não a considerou "relevante", mas acabou apagando mais informações do que quería porque estava "com pressa".

Depois de dizer que não estava segundo sobre quem levantou a possibilidade de que se deixasse Menezes seguir, acrescentou: "todo o que posso dizer é que uma das opiniões era deixá-lo ir porque não levava nada e que houve um desacordo entre a direção".

"Foi uma voz de mulher", disse "Owen". Mas ele não está seguro se era a de Dick. A morte de Jean Charles aconteceu menos de um mês depois que uma série de atentados terroristas no metrô de Londres deixou 52 mortos. A cidade acabara de ser anunciada como sede dos Jogos Olímpicos de 2012.

Morto por engano

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O brasileiro teria despertado a atenção das equipes de vigilância ao entrar na estação de Stockwell. Especula-se que a polícia pensou que ele estaria prestes a detonar uma bomba. Ele foi então imobilizado e morto pelos policiais, suspeito de ter ligações com os bombardeios anteriores na cidade.

No dia seguinte, a polícia admitiu que Jean Charles foi morto por engano e considerou o fato "uma tragédia". Seu corpo chegou ao Brasil três dias depois e foi enterrado em Gonzaga (MG).

Em novembro de 2007, a polícia britânica foi considerada culpada por violar regras de segurança, pela Comissão Independente de Queixas da corporação (IPCC, na sigla em inglês).

Em 2 de outubro de 2008, após enfrentar anos de pressão por este e outros episódios, Ian Blair, chefe da Scotland Yard, renunciou ao cargo.

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