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Tensão na Europa

Ameaça russa: Polônia quer exército com 500 mil militares e torna obrigatórias aulas de tiro para crianças

O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, quer mais que dobrar o efetivo do Exército e cogita o desenvolvimento de armas nucleares (Foto: EFE/EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON)

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A postura do presidente americano, Donald Trump, de que a Europa deve cuidar da própria defesa, acendeu o alerta no continente, que toma medidas para ampliar os gastos com segurança diante da ameaça da Rússia.

A preocupação é especialmente grande na Polônia: o país faz fronteira com a Ucrânia – alvo de uma invasão russa desde fevereiro de 2022 –, com o enclave russo de Kaliningrado e com Belarus, aliado de Moscou.

O ditador bielorrusso, Alexander Lukashenko, permitiu que o Kremlin usasse seu território para invadir o norte da Ucrânia no começo da guerra e depois abrigou armas nucleares russas no país.

A invasão da Ucrânia, há três anos, fez com que a Polônia, a exemplo de outros países europeus, aumentasse os investimentos em segurança.

Segundo o relatório mais recente do think tank britânico Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês), divulgado em fevereiro, a Polônia foi o 15º país do mundo que mais gastou com defesa em 2024 – era o 20º em 2022.

A despesa do ano passado (US$ 28 bilhões) foi a sexta maior entre os países da Otan, atrás apenas de Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França e Itália.

Mas a Polônia não quer parar por aí e já vem tomando mais medidas para se precaver contra a ameaça russa. O presidente Andrzej Duda quer que o gasto de ao menos 4% do PIB em defesa, índice que os poloneses já superarão este ano, seja incluído na Constituição do país.

Além disso, na semana passada, o primeiro-ministro Donald Tusk anunciou planos para que todos os homens adultos na Polônia façam treinamento militar e para ampliar o efetivo do Exército para 500 mil militares, incluindo reservistas – hoje, são cerca de 200 mil.

“Todo homem saudável deveria querer treinar para poder defender a pátria, se necessário”, disse Tusk.

Na última terça-feira (11), o premiê acrescentou que quer lançar um programa para treinamento militar voluntário em 2026 e que a meta é treinar 100 mil voluntários por ano a partir de 2027.

A mobilização já começa a abranger os mais novos: no ano passado, o treinamento obrigatório para utilização de armas de fogo para jovens entre 14 e 16 anos foi introduzido em todas as 18 mil escolas da Polônia.

Esses treinos, de uma hora por semana e sem munição de verdade, fazem parte do programa Educação para a Segurança, que também inclui treinamentos em habilidades de sobrevivência, resgate tático, primeiros socorros e cibersegurança, entre outros pontos.

O site RMF24 noticiou que outra medida que a Polônia está desenvolvendo é um guia sobre como agir em situações de ameaça, que será relativo a situações de crise variadas, não apenas guerras.

O guia, que deve ser concluído até o final de abril, terá informações sobre como sobreviver em situações de crise por 72 horas, quais suprimentos são necessários, como sobreviver em casa por esse período de tempo sem energia elétrica, entre outros pontos.

Diante da ameaça do Kremlin, a Polônia está até falando em desenvolver armas nucleares. “Devemos estar cientes de que a Polônia deve buscar as capacidades mais modernas, também relacionadas a armas nucleares e armas não convencionais modernas. Esta é uma corrida pela segurança, não pela guerra”, disse Tusk.

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