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A população da China cresceu o equivalente a "uma Turquia" no decorrer da última década e o país mais populoso do mundo alcançou a marca de 1,34 bilhão de habitantes, segundo dados do censo realizado no ano passado divulgados nesta quinta-feira.

Os novos números mostram um aumento populacional de 73,9 milhões entre 2001 e 2010, ligeiramente superior a toda a população atual da Turquia. A taxa de crescimento, porém, é mais baixa que nas décadas anteriores e reflete os resultados da política do filho único adotada pelo país, que permite um filho para as famílias urbanas e dois para as rurais.

O recenseamento revelou ainda que a proporção de idosos no país aumentou, enquanto a de jovens caiu bastante. Pessoas com 60 anos ou mais somam 13,3% da população, cerca de 3 pontos porcentuais mais que em 2000. Pessoas de até 14 anos somaram 16 6%, 6,3 pontos porcentuais menos que há uma década.

O rápido envelhecimento da população gerou preocupações sobre se o país será capaz de sustentar seu alto crescimento econômico, pois menos jovens estão dispostos a trabalhar nas fábricas e construir as estradas que transformaram o país na segunda maior economia mundial. Outro resultado é que metade da população chinesa agora é urbana: 49,7% vive em cidades, 36% a mais que há dez anos, uma marca histórica para o país de longa tradição rural.

Filho único

Cada vez mais, a mídia chinesa, os especialistas e as pessoas comuns especulam se o governo vai amenizar a política do filho único - introduzida em 1980 como medida temporária para frear o boom populacional - e permitir que mais pessoas possam ter dois filhos. Mas os líderes políticos expressam o desejo de manter a situação.

Numa reunião do alto escalão do Partido Comunista ocorrida na terça-feira para discutir assuntos relativos à população, o presidente Hu Jintao afirmou que a China vai manter a severa política de planejamento familiar a fim de assegurar a baixa taxa de natalidade.

Wang Feng, especialista em população e diretor do Centro de Políticas Públicas Brookings-Tsinghua, em Pequim, disse que a relutância está ligada a um sentimento arraigado de que a população chinesa é um fardo e os recursos serão sempre escassos. "Políticos e público acreditam que a grande população e o rápido crescimento populacional impediram o crescimento econômico no passado", diz Wang.

Peng Xizhe, reitor da escola de desenvolvimento social e políticas públicas da Universidade Fudan, em Xangai, disse que o governo precisaria alcançar o equilíbrio entre permitir que pessoas tenham mais filhos e manter a estrutura populacional. "É necessário atenuar as restrições em alguns lugares, mas não em todo o país, porque a população total ainda está crescendo", disse Peng, acrescentando que, em lugares como Xangai, onde a taxa de natalidade é muito baixa, a política deveria ser amenizada para que os casais possam ter dois filhos.

A China calcula que a política do filho único evitou 400 milhões de nascimentos ao longo dos últimos anos e ajudou a quebrar a preferência tradicional por grandes famílias que perpetuou a pobreza. Mas há sérias preocupações sobre os efeitos colaterais, como abortos seletivos de garotas e um rápido envelhecimento populacional.

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