O presidente russo, Vladimir Putin, em cerimônia no Túmulo do Soldado Desconhecido, em Moscou, nesta quarta-feira| Foto: EFE/EPA/ALEXEI NIKOLSKY/KREMLIN POOL/SPUTNIK
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Dois dias após o anúncio da Rússia de reconhecimento da independência das repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, na madrugada desta quinta-feira (24), Vladimir Putin deu início à invasão da ex-república soviética, a despeito da sanções anunciadas pelo Ocidente.

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Estados Unidos, Canadá, União Europeia e seus integrantes, Reino Unido, Austrália e Japão impuseram ou anunciaram as primeiras medidas contra Moscou, que incluem sanções e a paralisação do processo de certificação do gasoduto Nord Stream 2, bloqueio do acesso russo ao sistema financeiro ocidental e medidas contra oligarcas ligados ao Kremlin e instituições financeiras do país.

Além disso, Washington prometeu sanções mais severas caso a Rússia invada a Ucrânia. Porém, embora o Ministério das Relações Exteriores russo tenha garantido em comunicado que haverá “uma resposta forte” aos americanos, analistas apontam que o Ocidente terá que fazer mais para incomodar Putin.

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Segundo um levantamento feito pelo economista Anders Aslund e pela cientista política Maria Snegovaya ao think tank Atlantic Council, as sanções que o Ocidente impôs à Rússia desde 2014, ano em que anexou a península ucraniana da Crimeia e passou a apoiar financeira e militarmente os separatistas em Donbass, custaram ao país de 2,5% a 3% do PIB anualmente.

Mesmo assim, Putin não voltou atrás nas duas posições. “Para poder seguir com sua política externa agressiva, Putin está adotando uma política de extrema austeridade que está prejudicando seu país e seu povo”, afirmou Aslund, em artigo publicado no site da revista americana de informações financeiras Barron's.

Para reduzir o impacto de sanções europeias e americanas na sua economia, desde 2014 a Rússia aumentou suas reservas internacionais (diminuindo a proporção de dólares), se tornou menos dependente do mercado financeiro internacional e tem buscado parcerias comerciais fora do Ocidente, especialmente com a China.

Além disso, a chance de alguma voz interna denunciar qualquer prejuízo resultante de sanções e ser ouvida é pequena, já que o presidente russo controla o Parlamento, persegue e criminaliza opositores e críticos e tem a elite econômica local como aliada.

“O único efeito concebível das sanções é infligir tanta dor ao país que ajudaria indiretamente a oposição russa. Para que isso funcione, as sanções teriam que incluir o gás, principal produto de exportação da Rússia. E o corte das finanças internacionais teria que ser total. Isso não vai acontecer”, apontou Wolfgang Münchau, do Eurointelligence, site sobre política, economia e finanças especializado em assuntos europeus.

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“O Nord Stream 2 agora está morto, simplesmente porque os Estados Unidos não vão deixá-lo acontecer. Mas isso é irrelevante para a atual crise de energia porque nenhum gás está sendo bombeado através dele.”

Na live da última terça-feira (22) da coluna Jogos de Guerra, o coronel da reserva e analista de geopolítica Paulo Roberto da Silva Gomes Filho ponderou que é justamente essa dependência do gás natural exportado pelos russos que dificulta sanções efetivas.

“A dúvida é se as sanções econômicas farão mais mal à Rússia ou aos europeus. Quem vai sofrer mais, se não puder comprar o gás russo, será a Rússia, ou, por exemplo, a Alemanha? Esse é o nó górdio dessas sanções econômicas que envolvem diretamente a Europa e sua dependência energética da Rússia”, argumentou.

“O próprio presidente Putin, no discurso que proferiu na segunda-feira, se referiu aos embargos e deu a entender que eles já estavam na conta dele, já os estava considerando para tomada de decisão. Ele falou que os embargos seriam aplicados de qualquer jeito, se não for por esse motivo, será por outro. É lógico que tem um pouco de bravata nisso, de retórica, mas faz algum sentido”, acrescentou o analista.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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