Mais de 360 mil pessoas passam diariamente pela Times Square| Foto: Emmanuel Dunand/AFP

Nova Iorque - O prefeito Michael Bloomberg anda sonhando com uma Nova Iorque sem carros. Nos anúncios que começaram a ser veiculados na tevê e que lançam a sua candidatura para o terceiro mandato na eleição de 2010, Bloomberg revela seus planos de transformar a maior metrópole americana em uma cidade ecologicamente correta, reduzindo o tráfego de veículos em pelo menos 30% até 2013. Ele começa a executar seus planos hoje, com o fechamento da Broadway entre as ruas 42 e 47 e entre as ruas 33 e 35, em Manhattan. O tráfego na área será deslocado para a Sétima Avenida. O prefeito quer fazer da Times Square um espaço exclusivo de pedestres — o maior outdoor de sua campanha por uma "Nova Iorque verde".

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Bloomberg já iniciou projetos semelhantes em outras regiões de Nova Iorque. Já existem "ilhas de pedestres" em vários pontos da cidade: no Meatpacking District (na Nona Avenida, na altura da Rua 12, em frente a pontos noturnos badalados como o restaurante Pastis e a danceteria do Hotel Gansevoort), ou em Dumbo, no Brooklyn, nas cercanias da Water Street, uma área repleta de teatros e de restaurantes à beira do Rio Hudson. Nos fins de semana do verão, também trechos da Park Avenue, no Upper East Side, serão fechados para pedestres.

As iniciativas visam a habituar os nova-iorquinos com o novo plano de metas, o PlaNYC. Além de reduzir em 30% a emissão de gases poluidores, Bloomberg quer plantar 1 milhão de árvores, obrigar condomínios e empresas a seguirem novas regras de economia de energia e de água, implantar parques nas escolas, incentivar o uso de fontes alternativas de energia, aumentar as taxas de pedágio e estacionamento, ampliar a rede de metrô e as áreas exclusivas para pedestres e bicicletas.

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Bloomberg quer fazer com que uma nova mentalidade ecológica leve os nova-iorquinos a usarem ainda mais a rede de metrô. Por isso fez um acordo com o governador David Patterson, que possibilitará à prefeitura trabalhar junto com a MTA, a empresa estadual que administra a rede de transportes, a fim de trazer parte dos investimentos do pacote de estímulo à economia para a ampliação do metrô.

Mesmo com o orçamento público apertado pela crise, Nova Iorque terá a ampliação de três linhas: em julho, a linha G, no Brooklyn, será estendida por mais cinco estações, até Prospect Park; a linha 7, que atravessa Manhattan, vai ganhar mais duas estações; e a construção de uma nova linha no Lower East Side, partindo da estação de Fulton Street, vai consumir US$ 424 milhões do pacote de Barack Obama até 2014. Tudo para incentivar os habitantes a deixarem de lado o carro.

A secretária municipal de Transportes, Janette Sadik-Khan, é uma entusiasta do projeto. Ela diz que redesenhar o mapa de trânsito de Manhattan tornou-se uma tarefa a cada ano mais desgastante: "Do ponto de vista do trânsito, a Times Square é um pesadelo: 50 mil carros passam diariamente pela praça, que fica na interseção de três avenidas. E são 360 mil pedestres por dia."

Janette, que mora no West Village e vai de bicicleta para o trabalho, costuma fazer campanha para os executivos de Wall Street dizendo que "pedalar é o novo golfe". "Nova Iorque tem uma ocupação do espaço urbano em escala tão monumental que já não há solução viável para compatibilizar a frota gigantesca de carros e as dimensões de ruas e avenidas. As soluções rumam na direção do transporte de massas e de um uso racional e eficiente de energia, de modo a reduzir a poluição. Com essas coordenadas, a prefeitura não tem saída: estamos em guerra com os carros particulares", diz Janette.

Mas há quem receba com cautela os planos para banir automóveis. Tim Tomkins, presidente da Times Square Alliance, ONG que administra o distrito dos teatros, encara o desvio do tráfego como um teste para transformar a praça em um shopping a céu aberto. Os comerciantes locais já planejaram eventos ao ar livre, a fim de atrair mais turistas no verão. Entre os eventos está a transmissão da premiação do Tony, para os melhores de Broadway, diretamente da Times Square, em 7 de junho.

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