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Valor de jantar de líderes como Obama e François Hollande poderia  compensar a emissão de mais de 400 toneladas de gás carbônico. | /Reuters
Valor de jantar de líderes como Obama e François Hollande poderia compensar a emissão de mais de 400 toneladas de gás carbônico.| Foto: /Reuters

Após o primeiro dia de encontros e discursos na Conferência Climática de Paris, a COP 21, os presidentes da França, François Hollande, e dos Estados Unidos, Barack Obama, sentaram-se à mesa do luxuoso L’Ambroisie, um famoso três-estrelas Michelin em Marais, para um jantar cuja conta pode facilmente ter passado dos 4 mil euros (R$ 16 mil).

Por que o gás carbônico é tratado como vilão?

O CO2 (gás carbônico ou dióxido de carbono) é uma substância química que resulta, por exemplo, da queima de combustíveis fósseis -- gasolina, diesel e querosene, para citar alguns.

Apesar de ser tratado como vilão, ele é um elemento essencial na atmosfera, já que ajuda a manter a temperatura da terra (o chamado efeito estufa).

O problema ocorre quando começa a ser emitido em excesso. Com isso, a tendência passa a ser que ele retenha muito mais calor, aumentando a temperatura da terra (aquecimento global).

O valor seria equivalente a compensar 460 toneladas de gás carbônico, caso fosse, por exemplo, investido em turbinas eólicas, segundo levantamento do site Quartz. A conclusão é óbvia: até mesmo o encontro cuja finalidade é reduzir o impacto de ações humanas no aquecimento global tem seu teto de vidro.

O Quartz avaliou o gasto com base no preço do menu do restaurante escolhido por Obama e Hollande -- 360 euros (R$ 1.400). Se todos os mandatários à mesa (figuras importantes como o secretário de Estado norte-americano, John Kerry) tiverem feito o mesmo pedido, o valor seria o descrito acima.

Outro site, o Wired, foi mais longe e calculou que a infraestrutura e toda a movimentação em durante as conversas de Paris vão gerar cerca de 300 mil toneladas de gás carbônico. Na soma entra a emissão de CO2 gerada pelos voos dos líderes mundiais até a capital francesa, assim como o deslocamento de todas as pessoas esperadas em congressos e ações paralelas na capital francesa.

É um número bem maior do que o geralmente divulgado pela organização local destes encontros, que levam em conta apenas o impacto causado pelos mandatários mundiais e participantes registrados oficialmente na conferência . Na COP 18, por exemplo, que foi realizada em Doha (Qatar) em 2012, o dado divulgado sobre emissão de gás carbônico no ar foi de 11,5 mil toneladas. Nesta, a COP 21, espera-se 21 mil toneladas.

De olho nisto, a própria ONU, que organiza as conversas, tenta investir em uma estrutura que cause menos impacto durante as semanas de conversa, além de incentivar a organização local apoiar políticas e projetos que pelo menos compensem posteriormente os danos causados pelo evento.

Mas, cabe avaliar que, os números, pois mais absurdos que possam parecer, não são quase nada se comparados às emissões de gás carbônico no mundo todo. É uma parte muito ínfima -- mesmo as 300 mil toneladas estimadas pelo Wired equivalem a só alguns segundos de todo o gás carbônico que é jogado na atmosfera diariamente.

O que pesará, no fim das contas, é se o encontro terá valido a pena. Afinal, se as ações e conversas não tiverem avançado na conclusão da conferência, o evento terá servido apenas para dar um impulso, mesmo que minúsculo, no aquecimento global, avaliam alguns cientistas.

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