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Um dia após o fim do cerco de mais de 32 horas que terminou com a morte do terrorista Mohammed Merah em Toulouse, o primeiro-ministro da França, François Fillon, afirmou em entrevista à rádio francesa RTL que há outras centenas de jovens gauleses que também viajam para países como o Afeganistão e o Paquistão, onde esteve o atirador que matou sete pessoas.

Segundo o premier, nesses lugares eles são doutrinados pela ideologia religiosa extremista e terrorista. Na quinta-feira, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse querer criar medidas punitivas para cidadãos que fizerem viagens com esse intuito.

Durante a entrevista, Fillon admitiu o quão difícil é avaliar o tamanho desse problema "porque há milhares de pessoas que viajam a essas regiões por motivos religiosos, que não estão vinculados diretamente ao terrorismo e ao extremismo". De acordo com o primeiro-ministro, as autoridades francesas não suspeitaram "em momento algum" que o jovem franco argelino poderia ser perigoso, apesar de sua longa ficha criminal. O candidato presidencial François Hollande criticou a vigilância realizada sobre o suspeito e Fillon rebateu dizendo que a inteligência "fez seu trabalho perfeitamente".

- Nesse país, nós não temos o direito de monitorar permanentemente alguém quando essa pessoa não cometeu nenhum crime, sem uma decisão judicial. Vivemos em um estado de direito. Pertencer a uma organização salafista não é uma ofensa por si só. Não podemos misturar fundamentalismo religioso com terrorismo, por mais que saibamos que há elementos que os unem - afirmou o primeiro-ministro.

Para ele, o principal objetivo do governo agora é alertar os jovens que estão suscetíveis a esse tipo de influência, como alega ter sido o caso de Merah, que teria se radicalizado após uma passagem por uma prisão francesa.

Além de maior vigilância sobre quem visitar áreas em conflito, Sarkozy também prometeu medidas contra quem visitar sites terroristas ou que façam apologia ao ódio. Entretanto, muitos no país acreditam que seria uma ação inconstitucional, que feriria a liberdade de expressão. Apesar de Fillon afirmar que o projeto de lei será proposto nas próximas semanas, há dúvidas se há tempo hábil para o Parlamento aprovar a lei antes das eleições presidenciais de 22 de abril e 6 de maio, quando Sarkozy tentará se reeleger.

Familiares podem ficar detidos até domingo

Uma das principais questões levantadas pela comunidade francesa após a identificação de Mohammed Merah é se ele agiu sozinho ou não. Na quinta-feira, um grupo ligado à rede terrorista al-Qaeda assumiu a autoria dos ataques, feitos para que a França revisasse "sua política hostil contra o Islã".

A mãe, o irmão e a companheira de Mohammed continuam sob custódia da polícia, sendo interrogados sobre uma possível cumplicidade com as ações. Por causa da suspeita de envolvimento com terrorismo, eles podem ficar detidos até a manhã de domingo.

Apesar de a polícia encontrar vários explosivos no carro de Abdelkader, ele afirma desconhecer qualquer plano criminoso do irmão. Porém, testemunhas o descreveram como um fiel mais comprometido com a luta islâmica e a polícia indaga se ele teve influência na radicalização de Mohammed, de acordo com o jornal francês "Le Figaro".

O chefe da inteligência interna francesa, Bernard Squarcini, afirmou que Abdelkader foi a uma escola islâmica do Egito em 2010, mas que sua viagem não teria a mesma motivação que a de Mohammed. Segundo o "Le Monde", antes de morrer, o atirador inocentou sua família de qualquer participação em seus atos. "Eu não confio no meu irmão, eu nunca disse a ele o que estava fazendo. Nem a minha mãe", teria dito durante a longa negociação.

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