Cada vez mais crianças são usadas como soldados na guerra civil da Síria, anunciou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nesta segunda (14). Segundo o órgão, menores de idade vêm sendo encorajados a participar do conflito -tanto ao lado de rebeldes como por forças do governo do ditador Bashar Al-Assad- com presentes e “salários” que chegam a US$ 400 por mês.
Mais de metade dos casos monitorados pelo Unicef de crianças e adolescentes recrutados para a guerra em 2015 envolveu menores de 15 anos. Em 2014, essa participação não chegava a 20%.
Os dados fazem parte do relatório “Sem Lugar para Crianças: O Impacto de Cinco Anos de Guerra para Crianças Sírias e sua Infância”, divulgado pela agência da ONU nesta segunda-feira (14).
Com suas vidas tomadas pelo conflito, metade das crianças sírias deixaram de estudar. Mais de um quarto das escolas do país foram destruídas ou passaram a ser usadas como quartéis ou alojamentos de refugiados.
Além disso, com a deterioração das condições de vida - quatro em cada cinco pessoas que moram na Síria hoje vivem na pobreza -, crianças estão sendo obrigadas a trabalhar e meninas a se casarem prematuramente. Um terço de todos os casamentos nos campos de refugiados de sírios na Jordânia, por exemplo, hoje envolve garotas com menos de 18 anos.
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Balanço
De maneira geral, de acordo com o Unicef, mais de 80% das crianças da Síria foram afetadas pela guerra civil que assola o país desde 2011.
Um terço da população síria com menos de 18 anos - 2,9 milhões de pessoas - nasceu nos anos de conflito. Desde o início da guerra, 306 mil crianças sírias vieram à luz como refugiadas e mais de 15 mil atravessaram as fronteiras do país desacompanhadas.
Não existem estatísticas sobre o total de crianças que morreram na guerra, mas, de 2011 a 2013, foram ao menos 10 mil, segundo o Unicef. Segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras, na região de Damasco, mulheres e crianças representam 40% de todos os feridos e 31% dos mortos em 2015.
Negociações para a paz
Segundo o mediador da ONU Staffan de Mistura, não há “plano B” para a Síria, além do retorno à guerra, se o diálogo fracassar. Nesta segunda, teve início a terceira rodada de negociações entre representantes das forças rebeldes e do governo sírio, em Genebra, para um acordo de paz.
“Até onde eu sei, o único plano B que existe é a volta da guerra, e ainda pior do que já tivemos até agora”, disse Mistura, durante coletiva de imprensa.
Segundo ele, caso as partes se recusem a negociar, Rússia e Estados Unidos -que já intervêm no conflito na Síria em lados opostos-, além do Conselho de Segurança da ONU, serão chamados à mesa.
Desde o início da guerra, mais de 250 mil pessoas morreram na Síria. Recentemente, foi firmado um acordo provisório de cessar-fogo entre rebeldes e governo, apesar das constantes denúncias de violações.
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