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O presidente de Timor Leste, Xanana Gusmão, percorreu as conturbadas ruas de Dili nesta quinta-feira pedindo às forças de segurança do país que dêem provas de unidade.

Conflitos isolados entre gangues de jovens -- produtos da crise econômica e da alta taxa de desemprego nesse jovem país -- foram registrados ao longo do dia, mas a cidade parecia calma durante a noite.

Gusmão, que na terça-feira decretou estado de emergência e assumiu o controle da segurança, percorreu a cidade prometendo o restabelecimento da ordem.

Segundo uma autoridade do governo, os ministros de Defesa e do Interior pediram demissão formalmente. Mudanças no governo eram inevitáveis, disse no começo desta semana o chanceler timorense e Nobel da Paz José Ramos-Horta.

- A melhor coisa que vocês têm a fazer é voltar para suas casas - afirmou Gusmão a centenas de pessoas que o cercaram enquanto visitava um campo de refugiados montado perto da sede da Organização das Nações Unidas (ONU). - Permitam que cuidemos da segurança. Não tentem fazer justice com as próprias mãos.

Na semana passada, depois de o governo ter ordenado que soldados e policiais rebeldes saíssem de Dili, gangues rivais ligadas às Forças Armadas realizaram uma série de saques e incêndios, provocando uma onda de insegurança na capital.

A violência fez aumentar a distância entre Gusmão, um herói da luta separatista de Timor Leste, e o premiê Mari Alkatiri, cuja decisão de dispensar 600 soldados detonou a crise.

Uma força de paz liderada pela Austrália e formada por 2.500 militares encontra-se atualmente no país com a missão de desarmar policiais e soldados e de cuidar da segurança.

ENTREGA DE ARMAS

O brigadeiro Mick Slater, comandante da força, diz que a maior parte das Forças Armadas do Timor Leste entregou suas armas, mas que os policiais -- sete dos quais foram mortos por militares na semana passada -- estavam relutantes em seguir esse exemplo.

- Hoje tivemos um dia bom - afirmou Slater na quinta-feira à noite. "Houve um número bem menor de incidentes.

Os soldados estrangeiros mantinham sob custódia o major Alfredo Reinado, líder dos soldados rebeldes. Reinado diz que a crise só terminará quando Alkatiri renunciar.

Os soldados foram demitidos sob a acusação de motim depois de terem vindo a público denunciar casos em que militares lorosae (do leste do país) foram discriminados por oficiais de Loromonu (oeste).

O racha é reflexo da divisão que marca esse país e que alimentou a onda de violência ocorrida em 1999, quando os timorenses aprovaram, em um plebiscito, a independência da Indonésia.

No quartel-general da polícia, cerca de 50 oficiais que tinham entregado suas armas ficaram em formação enquanto Gusmão se dirigia a eles.

- O país precisa, neste momento, de unidade, não de conflitos - afirmou o presidente, acompanhado por alguns guarda-costas e soldados australianos.

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