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O presidente iraniano, Hassan Rouhani, disse nesta segunda-feira (23) que aproveitará sua visita à Organização das Nações Unidas (ONU) esta semana para apresentar a "face verdadeira do Irã" e buscar conversações e cooperação com o Ocidente para encerrar a disputa nuclear com o país.

Conservador moderado eleito em junho, Rouhani deu a declaração pouco antes de uma viagem de cinco dias que potências ocidentais esperam possa demonstrar uma nova disposição da parte do Irã para fechar um acordo sobre um programa nuclear que, na sua avaliação, poderia resultar na fabricação de uma bomba atômica.

O Irã tem repetidamente afirmado que suas atividades nucleares são pacíficas, mensagem que procurou enfatizar nesta segunda-feira com a transferência em etapas, por empresas russas, do controle da única usina nuclear do país para engenheiros iranianos.

"Infelizmente, nos últimos anos a face do Irã, uma nação grande e civilizada, foi apresentada de outro modo", disse Rouhani, de acordo com comentários publicados em sua página oficial na Internet.

"Eu e meus colegas aproveitaremos a oportunidade para apresentar a verdadeira face do Irã, como um país culto e amante da paz."

Rouhani não deixou claro quem ele culpa pela distorção da imagem do Irã. Mas os comentários deram a entender que ele pretende se distanciar da abordagem controvertida em relação ao Ocidente adotada por seu predecessor, Mahmoud Ahmadinejad.

Os Estados Unidos e seus aliados impuseram um número crescente de sanções econômicas ao Irã nos últimos anos, em parte uma resposta ao que eles consideram como fracasso do Irã em abrir seu programa nuclear a inspeção internacional.

Ahmadinejad também causou preocupação com seus comentários sobre o Holocausto e a homossexualidade.

Israel deixou claro que poderá lançar um ataque contra o Irã se o país estiver próximo da aquisição de armas nucleares.

Rouhani, um ex-negociador nuclear no governo do presidente Mohammad Khatami, criticou o Ocidente pelas sanções, dizendo que infligiram sofrimento aos iranianos.

"Nesta viagem, vou tentar apresentar ao mundo a voz do oprimido povo do Irã. Devemos dizer que as sanções são ilegais e um caminho inaceitável", afirmou ele a jornalistas antes de partir, segundo relato em seu website.

"O Ocidente deveria optar pelo caminho das conversações e cooperação, e levar em consideração os interesses mútuos", disse.

Sanções afetam o país

Rouhani promete melhorar a abalada economia iraniana, que tem sofrido profundamente com os embargos.

Na semana passada o tom adotado por Rouhani foi endossado pela figura mais poderosa do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, que falou em "flexibilidade heroica", sugerindo uma nova disposição para a diplomacia nas relações com os adversários do país.

Autoridades dos EUA deixaram aberta a possibilidade de o presidente norte-americano, Barack Obama, e Rouhani se encontrarem à margem da Assembleia da ONU.

O ministro de Relações Exteriores do Irã e negociador-chefe na área nuclear, Mohammad Javad Zarif, tem marcada uma reunião com a chefe de política externa da União Europeia, Catherine Ashton, que iniciará formalmente a nova era de negociações entre as duas partes.

Segundo a agência estatal iraniana de notícias Irna, uma fonte não identificada, próxima aos negociadores do Irã, afirmou que as conversações entre os dois lados foram "completamente transformadas" pela eleição de Rouhani.

"Este é um novo jogo, terá novas regras e o objetivo é chegar a pontos de concordância entre os dois lados", afirmou a fonte, de acordo com a Irna.

Rouhani descreveu a transferência da usina nuclear de Bushehr pelos engenheiros russos como um "evento abençoado".

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