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O presidente do México, Enrique Peña Nieto, prometeu na última sexta-feira (7) manter os esforços para esclarecer o desaparecimento de 43 alunos da escola normal rural de Ayotzinapa (a 192 km da Cidade do México) e punir todos os que participaram desses "crimes abomináveis".

O procurador-geral da República mexicano, Jesús Murillo Karam, disse ainda na sexta (7) que três homens, membros do cartel Guerreros Unidos, confessaram ter matado e queimado os corpos dos estudantes que faziam uma arrecadação de fundos para a escola no dia 26 de setembro para não deixar rastros.

Em um ato público realizado na Cidade do México, Peña Nieto declarou que as informações apresentadas pelo procurador-geral, Jesús Murillo, "indignam toda a sociedade mexicana".

"Não basta a captura dos autores intelectuais, deteremos todos os que participaram destes crimes abomináveis", acrescentou o presidente sobre a noite em que seis pessoas morreram a tiros por disparos de policiais e 43 estudantes foram entregues por agentes corruptos ao cartel.

"As investigações serão levadas até as últimas consequências. Todos os culpados serão castigados no marco da lei. Aos pais de família e à sociedade mexicana, asseguro que não retrocederemos até que não se faça justiça", reforçou.

O caso

De acordo com os três pistoleiros, mais de 40 jovens foram levados durante a noite, em três veículos, para o lixão da cidade vizinha de Cocula, onde cerca de 15 já chegaram mortos por asfixia.

Segundo Murillo Karam, os confessores se chamam Particio Reyes, Jonathan Osorio e Agustín García Reyes, suspeitos de serem integrantes do Guerreros Unidos.

Em seguida, mataram os outros. Os corpos foram empilhados e cobertos com pneus e lenha e molhados com gasolina e óleo diesel para depois serem incendiados. As cinzas resultantes da queima foram colocadas em bolsas e atiradas no rio San Juan, que passa pela cidade. Segundo os detidos, o processo foi realizado entre 0h e 15h de 27 do dia setembro, logo após o ataque.

Segundo o órgão, os detidos não disseram quem trouxe os estudantes e quem era o mandante da emboscada. Para a Procuradoria-Geral, o mandante do ataque foi o prefeito de Iguala, Jose Luis Abarca, preso na quarta (5).

A intenção seria evitar que os estudantes atrapalhassem um evento em que sua mulher, María de los Ángeles Pineda, seria lançada como candidata a sucedê-lo e que é irmã de três chefes do cartel Guerreros Unidos. O casal já havia sido alvo de protestos dos estudantes em 2013 após a morte de um líder sindical de Iguala.

Peña Nieto disse que as informações confirmadas pelo procurador é resultado da "ampla operação" lançada por seu governo, "fazendo uso de todas as capacidades materiais do Estado".

Familiares

Foi informado ainda que parte das cinzas e alguns ossos e dentes quebrados foram resgatados. O material será submetido a análise. Até saia o resultado, os estudantes continuarão sendo considerados desaparecidos pelo governo.

Em entrevista, os parentes disseram não acreditar na versão do procurador-geral e pediram que o material recolhido seja analisado por peritos independentes.

Para eles, o governo quer fazer com que eles acreditem que seus filhos estão mortos. "Sequer mostraram fotos dos nossos filhos. Enquanto não houver provas, nossos filhos estão vivos", disse Felipe de la Cruz, pai de um dos alunos.

Os pais pediram ao governo que prossiga com as buscas de seus filhos, e que permita a assistência técnica da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Na última terça-feira, a Polícia Federal mexicana deteve o prefeito de Iguala, José Luis Abarca, e sua esposa, apontados como os autores intelectuais do ataque contra os estudantes.

Luis Abarca e a esposa, María de los Ángeles Pineda, eram os fugitivos mais procurados na investigação pelo desaparecimento dos estudantes.

Conhecidos como "o casal imperial", Luis Abarca e María Pineda tinham estreita ligação com o cartel dos Guerreiros Unidos.

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