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O presidente Evo Morales pagará um alto custo político pela repressão aos indígenas. A opinião é do analista político e professor Carlos Cordero, da estatal Universidad Maior de San Andrés, em La Paz. Nesta entrevista à Agência O Globo ele diz que a Bolívia está presenciando um movimento de reacomodação de suas forças políticas e cada vez está mais claro que o governo perdeu parte de sua base de sustentação.

Aonde pode terminar esta nova crise política boliviana?

Não imaginamos, ainda, uma queda do governo Morales. Mas o presidente pagará um altíssimo custo político por seus erros, sobretudo pela repressão aos indígenas. Morales já estava pensando em buscar um novo mandato após 2014, mas esta crise poderia por fim a seu projeto de permanência no poder. O presidente está perdendo legitimidade.

Muitos setores que antes apoiavam o governo agora estão nas ruas protestando.

Vemos fissuras cada vez mais profundas na base de apoio do governo. Neste momento estamos presenciando um movimento de reacomodação das forças políticas do país e cada vez está mais claro que o governo perdeu parte de sua base de sustentação. Os sindicatos, a Igreja, os indígenas, todos perderam o medo do governo e se atrevem a enfrentá-lo.

Até quando continuarão os protestos?

As pessoas estão muito irritadas, querem que o Executivo assuma sua responsabilidade. Se o governo, as altas autoridades do país, continuarem dizendo que nada tiveram a ver com a repressão, o clima de tensão será cada vez maior. Os indígenas não querem mais diálogo, querem ser reconhecidos.

Há divisões no movimento indígena?

Sim, por um lado temos os indígenas que querem proteger o meio ambiente, que defendem a preservação de nossas reservas, nossas riquezas. Por outro, os chamados colonizadores, que são grupos de quechuas e aimaras que querem o desenvolvimento do campo boliviano, querem estradas, novos comércios, novas cidades. Esse grupo está sendo respaldado pelo governo e está por trás da repressão. O governo não está sabendo lidar com estas diferenças e esse é um dos motivos que explica as divisões na base de apoio do presidente.

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