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Ex-bispo católico vai estudar a legalidade da dívida externa do Paraguai que é de pouco mais de 2 bilhões de dólares | Nicholas Kamm / AFP Photo
Ex-bispo católico vai estudar a legalidade da dívida externa do Paraguai que é de pouco mais de 2 bilhões de dólares| Foto: Nicholas Kamm / AFP Photo

O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, disse nesta terça-feira (2) que formará uma equipe "técnica e econômica" para estudar a origem e a legalidade da dívida internacional, seguindo o exemplo de outros países da região que anunciaram medidas semelhantes.

Em uma entrevista coletiva, o presidente afirmou que "a questão da dívida dos países está se instalando na agenda internacional" e que, ainda que a dívida paraguaia não seja alta, é preciso analisar se ela "já foi paga" e se os recursos chegaram a "seus genuínos destinatários."

Lugo, ex-bispo católico que lidera uma coalizão de centro-esquerda, assumiu em 15 de agosto o governo de uma das menores economias da região. A dívida externa do país é de pouco mais de 2 bilhões de dólares, contraída principalmente com organismos multilaterais de crédito.

"Queremos formar uma equipe técnico-econômica com alta capacidade moral para estudar com seriedade toda nossa dívida (...) Nós queremos estudá-la exaustivamente, e acredito que os organismos internacionais estão conscientes disso," declarou.

"Esse governo tem o desejo sincero de estudar detalhadamente a origem e a legalidade da dívida do nosso país", acrescentou.

O presidente respondeu dessa maneira após ser perguntado se iria a instâncias internacionais para pedir a revisão da dívida contraída para a construção da hidroelétrica de Itaipu, confrontando-se com o Brasil e seguindo os passos do Equador.

O governo equatoriano confirmou há alguns dias que levará a tribunais internacionais pelo menos dois casos de dívidas classificadas como ilegais. Após o anúncio de Quito, outros países como Venezuela e Bolívia decidiram auditar seus passivos.

Itaipu

Meses atrás, Paraguai e Brasil iniciaram um complexo processo de negociação sobre a usina que os dois países dividem no rio Paraná - responsável pela geração de cerca de 90 milhões de megawatts por ano.

Entre as exigências paraguaias está a revisão da dívida acumulada pela usina com a estatal brasileira Eletrobrás, que chega a quase 19 bilhões de dólares e expira em 2023. O país também quer um receber um preço maior pela energia vendida a seu sócio, que consome cerca de 90 por cento da eletricidade produzida pela usina.

"O Paraguai não vai mudar sua postura de pedir reivindicações justas que lhe disserem respeito (...) valorizamos a predisposição do presidente do Brasil nas conversas que tivemos, apesar de não termos percebido ainda avanços significativos", disse Lugo sobre as negociações, que continuarão na semana que vem.

Além disso, o Paraguai analisa a possibilidade de apelar à Corte Internacional de Haia contra a decisão de um tribunal suíço, que em 2005 condenou o país a pagar cerca de 85 milhões de dólares a um grupo de bancos europeus por uma dívida contraída de maneira ilegal por um ex-cônsul honorário do governo do ditador Alfredo Stroessner (1954-1989).

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