O ditador norte-coreano Kim Jong-un (à esq.), comprimenta Moon Jae-in, líder sul-coreano (à dir.).| Foto: JUNG YEON-JE/AFP

A primeira cúpula intercoreana de 2018, realizada em abril, reduziu os temores de guerra na península. A segunda, de emergência, em maio, ajudou a garantir a realização de um encontro histórico entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente dos EUA, Donald Trump. Agora, em seu terceiro encontro com Kim, na próxima semana, em Pyongyang, o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, enfrentará seu maior desafio: entregar algo substancial, que vá além de declarações vagas anteriores sobre desnuclearização e ajude a levar as negociações entre norte-coreanos e norte-americanos de volta aos trilhos.

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As negociações entre Washington e Pyongyang enfraqueceram nas últimas semanas,
levantando dúvidas sobre se Kim está realmente disposto a renunciar a seu arsenal nuclear e colocando pressão sobre Moon para corroborar com o avanço nas conversas mais uma vez.

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O resultado da cúpula provavelmente será um indicador importante de como as negociações nucleares com os Estados Unidos prosseguirão. Moon vai tentar conseguir que Kim expresse mais claramente o que preparou visando abandonar suas armas nucleares, o que poderia gerar um impulso para uma segunda reunião entre Kim e Trump.

Independentemente se Moon for bem-sucedido, falhar ou ficar em um meio-termo, a terceira cúpula intercoreana pode ajudar a responder a uma pergunta que persiste: quando Kim disse que apoia a "completa desnuclearização da Península Coreana", o que realmente quis dizer?

Moon irá à Pyongyang na terça-feira (18), enfrentando questões sobre sua alegação de que Kim, durante suas conversas com autoridades sul-coreanas, manifestou interesse genuíno em deixar suas armas e mísseis nucleares. A onda de otimismo que cercou as duas primeiras cúpulas intercoreanas e o encontro de Cingapura entre Trump e Kim em junho negligenciou as discordâncias sobre o que exatamente Kim havia cometido.

"A terceira cúpula trará mais clareza sobre o que quer dizer a Coreia do Norte com o
desnuclearização completa da península", disse Kim Taewoo, ex-presidente do Instituto para Unificação nacional, financiado pelo governo de Seul. "Se o Norte estiver negociando com boa vontade todo esse tempo, Moon poderá retornar com bons resultados. Mas, lamentavelmente, vejo que essa possibilidade é baixa."

Segundo ele, será crucial para Moon conseguir que Kim dê um sinal mais claro de que está disposto a aceitar ações críveis para a desnuclearização, como fornecer uma descrição detalhada do programa nuclear da Coreia do Norte, um primeiro passo considerado fundamental para a posterior inspeção e desmantelamento do mesmo.

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Em suas reuniões com Moon e Trump, Kim assinou declarações prometendo a completa desnuclearização da península. Mas o Norte, há décadas, tem indicado um conceito de desnuclearização que não tem semelhança com a definição americana, prometendo prosseguir com o desenvolvimento nuclear até os EUA retirarem suas tropas da Coreia do Sul e o protetor nuclear que defende Coreia do Sul e Japão.

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As diferenças levaram Trump a cancelar a visita do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, à Coreia do Norte no mês passado. Depois de uma visita anterior a Pompeo, Pyongyang acusou Washington de fazer demandas "unilaterais" sobre a desnuclearização e se irritou com a ideia de dar passos significativos para desmantelar seu programa nuclear antes de um tratado de paz ser assinado ou das sanções internacionais serem retiradas.

"O que o Sul e o Norte precisam agora não é apenas outra declaração conjunta, mas encontrar maneiras de desenvolver substancialmente as relações", disse Moon, em uma reunião de gabinete na última terça-feira. "Nós não podemos cessar os nossos esforços para mediar e facilitar as conversações até que o diálogo e a comunicação entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos fluam suavemente."

Com informações da Associated Press.

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