Plano B
Lei anti-incêndio seria usada para tentar evitar queima
Desarmados pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que consagra a liberdade de expressão como princípio-base da sociedade americana, os adversários do reverendo Terry Jones apostavam na lei anti-incêndio de Gainsville para tentar impedir a queima de cópias do Alcorão.
Advogados da Sociedade Muçulmana Americana (MAS, na sigla em inglês) já estavam na cidade para pressionar as autoridades a aplicar o artigo VI do Código de Ordenanças local, que proíbe qualquer tipo de fogueira ao ar livre, incluindo em propriedades privadas.
Jones chegou a pedir uma permissão excepcional para queimar os livros, mas os bombeiros a negaram.
"É simples: se o reverendo ateasse fogo em um só Alcorão, ele estaria infringindo a lei e deveria ser preso, disse à reportagem, por telefone, o diretor da MAS, Mahdi Bray.
Houve também pedidos para processar Jones por Incitação à Violência e Crime de Ódio, mas especialistas disseram que o reverendo só poderia ser enquadrado caso defendesse abertamente ataques contra muçulmanos.
Gainesville, Flórida - Em meio a duras críticas de líderes de diferentes religiões pelo mundo e do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o líder de uma pequena comunidade evangélica da Flórida anunciou ontem o cancelamento do plano de queimar 200 exemplares do Alcorão. A queima seria amanhã, data do aniversário dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001.
Ao recuar de seu polêmico protesto, o pastor Terry Jones alegou ter tomado a decisão depois de conseguir um acordo por meio do qual um centro cultural islâmico projetado para ser construído perto do marco zero de Nova York, onde ficavam as torres gêmeas do World Trade Center, seja mudado de lugar. Em Nova York, no entanto, os responsáveis pela obra do centro cultural, para o qual está projetada uma mesquita, negaram qualquer espécie de acordo com relação ao local da construção.
"Eu voarei no sábado para me reunir com o imã no marco zero. Ele aceitou mudar o lugar da mesquita", declarou Terry Jones.
No entanto, uma organizadora do projeto do centro cultural islâmico, orçado em cerca de US$ 100 milhões, desmentiu a existência de algum acordo. "Não estamos sabendo de nada disso", disse a promotora Daisy Khan. O comentário de Daisy foi feito pouco depois da entrevista coletiva concedida por Jones na Flórida.
Logo a seguir, o imã Muhammad Musri disse que apenas se comprometeu a participar de uma reunião com Jones e com o imã Feisal Abdul Rauf, de Nova York, engajado no projeto do centro cultural islâmico. Ele assegurou não haver nenhuma espécie de acordo com relação ao local das obras. Rauf também negou que tenha havido algum acordo.
Depois dos desmentidos, Jones voltou a procurar a imprensa para afirmar que só aceitou ir a Nova York amanhã para discutir a realocação do centro cultural islâmico e disse que ficará "muito, mas muito desapontado mesmo" se a mesquita não for mudada de lugar. O pastor disse ter cancelado o protesto depois de conversar com o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, mas advertiu que poderia "repensar" a decisão de ontem.
Mais cedo, Obama havia pedido a Jones que escutasse "os anjos bons" e desistisse de seus planos de queimar exemplares do Alcorão. O presidente disse que a proposta do pastor é "completamente contrária aos valores norte-americanos" e que a queima do Alcorão seria uma boa notícia para a Al-Qaeda na busca por novos recrutas para o terror.
Enquanto isso, a Interpol emitiu um alerta global para os seus 188 países membros segundo o qual haveria "forte probabilidade" de ataques violentos se o pastor Jones comandasse a queima de exemplares do Alcorão.
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