Incentivada por pesquisas de opinião, a primeira-ministra Julia Gillard anuncia eleições apenas três semanas após assumir o governo| Foto: Reuters

A primeira-ministra da Austrália, Julia Gillard, vai concorrer a um segundo mandato para o seu partido de centro-esquerda nas eleições de 21 de agosto, que devem ter como principais temas de debate as mudanças climáticas, refugiados que pedem asilo ao país e os níveis recordes da dívida pública.

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Incentivada por pesquisas de opinião que mostram a aprovação da sua nova liderança, Gillard anunciou as eleições neste sábado (17), apenas três semanas após assumir o governo depois de um surpreendente golpe dentro do Partido Trabalhista. Ela disse que o governo "perdeu a direção" sob a administração do seu antecessor, Kevin Rudd, e tem tentando dar novos rumos em áreas políticas importantes. "Nós iríamos para um segundo mandato com algumas lições aprendidas. Seríamos capazes de implementar e executar programas diferentes".

As pesquisas de opinião mostram que os trabalhistas ganhariam as eleições para um novo mandato de três anos, mas analistas esperam uma disputa apertada contra uma oposição conservadora renovada do Partido Liberal, liderado por Tony Abbott.

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Gillard, que tem 48 anos e é agnóstica, já foi considerada no passado muito de esquerda para vencer as eleições na Austrália. Abbott, de 52 anos e ex-seminarista, era visto por sua vez como muito de direita. Ambos mudaram as direções de seus partidos, mas concordam em grandes questões de política externa, incluindo a retirada dos 1.550 soldados australianos do Afeganistão.

Gillard conseguiu superar uma disputa difícil entre Rudd e grandes mineradoras sobre a proposta de um imposto de 40% em cima dos lucros extraordinários do setor de insumos, costurando um acordo para um imposto de 30%. A nova taxação deve arrecadar 10,5 bilhões de dólares australianos (US$ 9,3 bilhões) em dois anos.

Abbott, que em dezembro se tornou o terceiro líder de seu partido em dois anos, tem prometido se opor ao imposto. Ele também lidera um ataque ao pacote de estímulos econômicos de 52 bilhões de dólares australianos do governo atual, que ajudou a Austrália a escapar da recessão econômica global registrando apenas um trimestre de retração, no fim de 2008. Abbott disse que o governo tem desperdiçado dinheiro e que a mudança da administração Rudd para Gillard era "uma transição direta de incompetência para incompetente".

Gillard tem tentando conter uma onda de refugiados que chegam à Austrália de barco pedindo ao pequeno país vizinho Timor Leste que aceite a instalação de um centro regional de triagem de refugiados apoiado pelas Nações Unidas. O Partido Trabalhista condena um plano dos liberais de deter os refugiados ao introduzir proteções temporárias para a liberação de vistos, o que permitiria ao governo enviar os refugiados de volta aos seus países se as condições lá melhorarem. No ano passado mais de 4 mil refugiados chegaram à Austrália de barco.

Gillard era vice de Rudd, que se tornou um verdadeiro herói dos trabalhistas quando liderou o partido a uma esmagadora vitória nas eleições de novembro de 2007, depois de 11 anos na oposição.

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