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Líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell| Foto: Drew Angerer/Getty Images/AFP

O Senado dos Estados Unidos começou nesta terça-feira (21) o julgamento do impeachment do presidente Donald Trump. No plenário, republicanos e democratas travaram uma batalha para definir as regras do jogo. Os aliados de Trump acabaram levando a melhor. Eles têm pressa e apostam na maioria de 53 de um total de 100 senadores para garantir um processo curto e rápido.

No debate desta terça, nenhuma surpresa. Adam Schiff, democrata que preside a comissão de deputados transformados em promotores no processo, fez um resumo das acusações, anunciando uma "trifeta de violações constitucionais que justificam o impeachment". "As evidências são avassaladoras", disse. Do outro lado, Pat Cipollone, que comanda a equipe de advogados, defendeu Trump. "A única conclusão será a de que o presidente não fez nada de errado", afirmou.

As discussões iniciais foram sobre as regras do processo propostas pelo líder republicano no Senado, Mitch McConnell. Na segunda-feira, ele propôs quatro dias para exposição do caso - dois para cada lado, defesa e acusação. McConnell também queria vetar a convocação de testemunhas e a apresentação de novas provas.

No fim, ele aceitou um meio-termo: seis dias para apresentação dos argumentos - três para cada lado - e a possível inclusão de novos elementos na etapa final do processo. Apesar de os democratas criticarem a falta de compromisso com o julgamento, McConnell defendeu um processo curto e rápido.

Embora não haja um cronograma rígido, é possível prever que o julgamento de Trump no Senado dure cerca de três semanas, menos que o impeachment de Bill Clinton, em 1999, que levou cinco semanas para ser concluído.

As acusações da Câmara dos Deputados

Trump é acusado de abuso de poder e obstrução do Congresso. Entre julho e setembro, ele teria usado os privilégios do cargo para pressionar o governo da Ucrânia a investigar o democrata Joe Biden, pré-candidato presidencial e um dos maiores obstáculos à sua reeleição. Em seguida, quando os congressistas começaram a investigar o caso, a Casa Branca escondeu documentos e vetou o depoimento de assessores.

Trump, que está na Suíça para o Fórum Econômico Mundial, voltou a dizer nesta terça-feira que o processo é "vergonhoso" e uma "caça às bruxas". "Viemos (a Davos) nos reunir com os líderes do mundo e levaremos (aos EUA) negócios importantes. O resto é uma farsa. É a mesma caça às bruxas há anos e, francamente, é vergonhoso", disse.

Apesar dos acalorados debates no plenário, dificilmente o presidente será condenado. Para destitui-lo, são necessários dois terços do Senado - 67 votos. Como os republicanos têm uma maioria de 53 de um total de 100 senadores, Trump precisaria perder o apoio de 20 aliados, o que é considerado improvável.

O processo representa um risco para senadores dos dois partidos. Pelo lado democrata, três disputam uma vaga de candidato presidencial nas primárias que começam em fevereiro: Amy Klobuchar, Bernie Sanders e Elizabeth Warren. Se a discussão sobre o impeachment se arrastar no Senado, eles ficariam retidos em Washington e não poderiam fazer campanha nos Estados.

Para os republicanos, os mais ameaçados são os moderados, que disputam a reeleição em novembro: Corey Gardner (Colorado), Lisa Murkowski (Alasca), e Susan Collins (Maine). Os senadores Lamar Alexander (Tennessee), que anunciou a aposentadoria no fim do ano, e Mitt Romney (Utah), ex-candidato presidencial em 2012 e desafeto de Trump, são outros dois que podem mudar de lado.

Protesto fraco

Com sensação térmica de 3ºC negativos na capital americana, cerca de 40 manifestantes foram à porta do Senado para protestar pelo impeachment de Trump.

Além de condenar as ações do presidente republicano, eles afirmavam: "Não há julgamento sem depoimentos", em referência à proposta de McConnell de abreviar o rito do impeachment - e absolver Trump mais rapidamente.

Os grupos não criaram transtornos para os policiais à frente do Capitólio, nem repercussão no noticiário local. Os protestos na capital passaram bem longe do alcance visto nas manifestações a favor e contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, no Brasil. O panelaço dos americanos nem chegava a ser ouvido de dentro do prédio do Senado e não foi orquestrado para acontecer simultaneamente nas janelas dos bairros da cidade.

Diante de um processo que deve terminar com a absolvição de Trump, a oposição encontra dificuldade para mobilizar manifestações. Em parte, segundo os organizadores, por falta de um chamado dos democratas para que a população ocupe as ruas.

Os americanos estão divididos quanto ao impeachment de Trump. Segundo o site Five Thirty Eight, que agrega várias pesquisas de opinião, 49,9% dos americanos apoia a destituição, enquanto 45,9% são contra.

Em entrevista à revista The Atlantic, Dana Fisher, socióloga da Universidade de Maryland disse que "ninguém acredita que o impeachment será aprovado".

Segundo ela, o processo contra Trump não afeta emocionalmente as pessoas como outras causas. As críticas ao presidente são constantes em manifestações de grande porte, como a Marcha das Mulheres e os protestos de jovens contra o aquecimento global. O impeachment, porém, mobiliza menos.

Conteúdo editado por:Isabella Mayer de Moura
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