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O soldado americano Robert Bales, que assumiu o assassinato de 16 civis no Afeganistão, foi condenado nesta sexta-feira (23) à prisão perpétua sem possibilidade de condicional. Em um ataque de fúria durante uma madrugada de março de 2012, ele deixou sua base e matou moradores de um vilarejo próximo, em maioria mulheres e crianças.

Condenação vem após um acordo que Bales fez com a promotoria em junho. Em troca de sua confissão, ele não seria sentenciado à pena de morte. Em uma audiência do caso na quinta-feira, ele descreveu sua ação como um ato de covardia por trás de uma máscara de medo.

"Eu estou muito, muito arrependido por essas famílias que eu arruinei", disse ele, após ser questionado por um advogado. "Eu não consigo dimensionar essa perda. Eu penso sobre isso todas as vezes que olho para os meus filhos".

Nove moradores do vilarejo afegão atacado por Bales viajaram aos EUA para testemunharem sobre o massacre. Apesar disso, nenhum quis permanecer na corte para ouvir a sentença final do tribunal marcial.

Os afegãos testemunharam durante dois dias sobre a investida do soldado. Haji Mohammad Wazir contou que perdeu 11 parentes, incluindo sua mãe, esposa e seis dos sete filhos.

"Se uma pessoa perde um filho, você pode imaginar o quanto devastada será a sua vida", disse Wazir. "Se qualquer um falar comigo sobre o que aconteceu... Eu sinto como se tudo estivesse acontecendo agora mesmo", desabafou.

Os advogados de Bales tentaram argumentar que o militar - que esteve por quatro temporadas em confrontos no Oriente Médio - sofria de estresse pós-traumático de guerra. No entanto a defesa não quis apresentar especialistas para constatar a doença afirmando que queriam evitar que o caso se tornasse uma batalha de analistas.

Já a acusação apresentou testemunhas do massacre e fotos de uma menina que teria sido morta enquanto gritava de pânico. A promotoria também investiu no passado conturbado de Bales, que enfrentava uma acusação de fraude de cerca de US$ 1, 5 milhão, uma detenção por dirigir bêbado em 2005, uma batida de carro em 2008 sob a influência do álcool e mentiras sobre seu histórico criminal e vícios.

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