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Procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, discursa durante conferência em Caracas | JUAN BARRETO/AFP
Procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, discursa durante conferência em Caracas| Foto: JUAN BARRETO/AFP

A procuradora-geral da Venezuela, a chavista dissidente Luisa Ortega Díaz, revelou nesta quarta-feira (2) que passou a se opor ao presidente Nicolás Maduro depois que sua enteada foi sequestrada com o filho. María Andrea Ferrer, filha do deputado e marido da procuradora Germán Ferrer, foi capturada por homens armados em 16 de fevereiro enquanto saía de casa com o filho, um adolescente de 16 anos, em Caracas. 

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Nesse dia, Ortega Díaz estava em Brasília assinando um acordo com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e nove homólogos de cooperação para investigação do escândalo de corrupção envolvendo a Odebrecht. 

"Tive que abandonar a reunião e voltar imediatamente para cá [Caracas]. Ela ficou dois dias sequestrada e ele, três, porque soltaram ela e ficaram com o menino", disse, em entrevista à emissora CNN en Español. 

"Além disso, as perseguições permanentes, o assédio à sede principal onde eu estou, do Ministério Público, à minha casa e à casa dos meus familiares tem sido permanente nos últimos meses." 

O crime foi investigado pelo Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (Cicpc), ligado ao governo, e seis suspeitos foram presos pela polícia e acusados de sequestro, roubo e associação criminosa. 

Em junho, porém, surgiram rumores de que o sequestro seria uma represália à procuradora por buscar dados sobre a corrupção no governo de Nicolás Maduro ou que estaria interessada em levar o material aos EUA. 

Após o sequestro, o Ministério Público praticamente não avançou com as acusações a pessoas que teriam recebido propina da construtora brasileira —a empreiteira afirmou ter pago US$ 98 milhões a políticos venezuelanos, valor só superado pelo desembolsado no Brasil. 

A primeira acusação formal saiu apenas em 12 de julho, contra parentes do ex-ministro Haiman El Troudi. Na última terça (1º), Ortega Díaz anunciou que o governo pagou US$ 30 bilhões à Odebrecht por obras inacabadas. 

Rumo à ditadura

A procuradora disse que a convocação da Assembleia Constituinte, à qual se opõe, a violência das forças do governo nos protestos e o uso da Justiça Militar contra opositores "colocam o país no caminho de um regime ditatorial". 

"Não posso dizer absolutamente que perdemos totalmente a democracia, ainda ficaram algumas aparências, mas, se continuarmos avançando dessa forma, perderemos todas as características de democracia." 

Na entrevista, anunciou a investigação contra as reitoras chavistas do Conselho Nacional Eleitoral pela acusação de fraude na votação da Constituinte e pediu a auditoria dos votos com "especialistas nacionais e internacionais". 

Sobre a guinada que deu a partir de março contra Maduro, Ortega Díaz afirma que "sempre foi a mesma". "Foram outras pessoas que mudaram. Revisa minha posição desde que fui designada procuradora, sempre a mantive."

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