Mulher amamenta em acampamento no Brasil: maioria das mortes ocorre nos países em desenvolvimento| Foto: Nacho Doce/Reuters

1,5 milhão de bebês e 150 mil mães morrem a cada ano no mundo nas 48 horas seguintes ao parto. Em 90% dos casos, os óbitos poderiam ser evitados.

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Dificuldades

Regiões com maior incidência de óbitos estão na África e Ásia

As regiões do mundo com maior número de óbitos no parto são a África Subsaariana e o sul da Ásia. Estas regiões têm baixo padrão de acesso a serviços sanitários, problemas ou ausência de água e eletricidade, falta de transporte e profissionais médicos, e, em vários casos, tradições contrárias à assistência médica no parto. É importante que as soluções propostas para lutar contra este fenômeno levem em conta todos estes fatores. Neste perfil está o projeto da Universidade de Valência liderado pelo professor Federico Pallardó para lutar contra a sepse — responsável pelas centenas de milhares de mortes de mães e bebês. O projeto consiste na elaboração e distribuição em Uganda (África) de tiras radioativas muito baratas que permitem medir a quantidade de proteínas histonas no sangue e diagnosticar se a paciente está infectada.

Mais de um milhão e meio de bebês e 150 mil mães morrem a cada ano no mundo todo nas 48 horas seguintes ao parto. Números que, segundo especialistas, poderiam ser evitados em quase 90% dos casos se os países em desenvolvimento contassem com medidas e recursos adequados. A estes números cabe acrescentar 1,2 milhão de crianças que já nascem mortas, a maioria de asfixia, hemorragias no parto, infecções fetais, sífilis ou malária.

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Para tentar solucionar estas mortes, o consórcio internacional de governos e fundações "Saving lives at birth" (Salvando vidas no parto) realizou na semana passada uma feira em Washington na qual foram apresentadas 53 propostas e produtos inovadores vindos de todos os cantos do planeta.

Foram premiados um pro­grama do Centro de Pes­quisa em Saúde Sexual e Reprodutiva da Guatemala destinado a reduzir o número de partos caseiros no país centro-americano, e um projeto da Universidade de Valência (Espanha) focado no combate à infecção generalizada.

"Embora a morte no parto seja um fenômeno mundial que afeta todos os países, a grande maioria dos óbitos está concentrada nos países em desenvolvimento e, em 90% dos casos, poderia ser prevenida", explicou Peter Singer, chefe executivo da agência canadense para o desenvolvimento Grand Challenges Canada.

ConscientizaçãoApesar do inegável caráter beneficente das novas tecnologias, a luta contra a mortalidade no parto pode ser abordada, segundo Singer, a partir de todo tipo de ótica, como médica, empresarial e inclusive da conscientização social.

"A Universidade de Toronto (Canadá), por exemplo, propõe algo tão aparentemente simples como fortalecer o chá com ferro", indicou Singer como medida para reduzir os casos de anemia por deficiência de ferro, causa comum de doença e até de morte no momento do parto.

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"Reforçar a quantidade de ferro no chá, que é uma bebida comum em muitas partes do globo, é um bom exemplo de ideia inovadora e simples para melhorar as possibilidades de sobrevivência das mães e seus bebês", concluiu.

Para combater as tradições religiosas ou culturais que fazem com que as mulheres e seus familiares resistam em buscar ajuda em um hospital para receber assistência médica no parto, o médico guatemalteco Edgar Kestler propõe ações diretas de divulgação social.