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Cristina Kirchner lança chapa e omite corrupção

Buenos Aires – A primeira-dama Cristina Fernández de Kirchner não fez menção ontem, no segundo ato de lançamento de sua candidatura – desta vez, com o anúncio oficial de seu companheiro de chapa, o governador da Província de Mendoza, Julio Cobos – ao novo escândalo de corrupção que o governo de seu marido, Néstor Kirchner, enfrenta.

Cristina e Cobos preferiram centrar seus discursos na importância simbólica da "concertação plural" criada por Kirchner, que congrega peronistas e radicais como Cobos – o peronismo e o radicalismo são historicamente as principais formas políticas antagônicas da Argentina.

Era esperado que Cristina fizesse uma condenação à corrupção, dizendo que no seu governo haveria "tolerância zero" com o tema. No fim, porém, a candidata optou pelo silêncio.

Buenos Aires – A promotora federal María Rivas Diez pediu ontem a captura internacional de Guido Antonini Wilson, o venezuelano que há uma semana e meia tentou entrar na Argentina sem declarar com uma maleta contendo US$ 790 mil. Antonini Wilson – e o dinheiro proveniente da Venezuela cujo uso no país continua sendo um mistério – são o centro do maior escândalo de corrupção surgido desde o início do governo do presidente Néstor Kirchner.

A promotora também avalia pedir a captura do argentino Claudio Uberti, diretor do organismo de fiscalização de estradas e pedágios (nos últimos anos foi o responsável "informal" pela maioria dos acordos comerciais entre a Venezuela e a Argentina) que estava no jatinho que levou Antonini Wilson de Caracas à Buenos Aires. Mas segundo Rivas Diez, a Promotoria ainda não reuniu provas suficientes para pedir a prisão de Uberti.

Rivas Diez confirmou que investigará se o avião, no trajeto de Caracas à Buenos Aires, pousou no aeroporto de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, onde poderia ter embarcado a polêmica maleta dos dólares, tal como afirmou na véspera o Ministro do Interior da Venezuela, Pedro Carreño.

O avião foi fretado pela estatal argentina de energia, a Enarsa. Por este motivo, o presidente da Enarsa, Exequiel Espinosa, também poderia ser detido, caso avancem as investigações da promotora.

Uberti e Espinosa são homens de confiança do poderoso Ministro do Planejamento e Obras, Julio De Vido, o homem forte do presidente Kirchner na área econômica. As lideranças da oposição pedem a renúncia de De Vido.

O escândalo também engloba, além de Antonini Wilson, os outros passageiros venezuelanos do vôo, altos executivos da estatal petrolífera venezuelana PDVSA, a menina dos olhos do presidente Hugo Chávez.

O governo argentino, tentando afastar o foco do escândalo de Buenos Aires, quer a renúncia do vice-presidente da PDVSA, Diego Uzcateguy, que estava no vôo, além de um pedido de desculpas de Caracas. Mas, o governo Chávez recusa-se a emitir qualquer explicação.

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