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Existem várias propostas de solução para o conflito árabe-israelense no Oriente Médio, onde um frágil cessar-fogo não impede o lançamento de morteiros e bombas. O problema é que as sugestões são fruto de exercícios de ficção que só o distanciamento permite. Elas vão desde a junção dos dois povos debaixo de um só Estado até o fim do apoio comercial-ideológico norte-americano a Israel. Nenhuma parece capaz de se tornar realidade, porque cresce o clima antipalestino em Israel, enquanto surgem novos apoiadores do grupo guerrilheiro Hamas entre sobreviventes de Gaza.

A sugestão mais radical até agora foi a do ditador líbio Muamar Kadafi (aquele já pregou a destruição de Israel) para que os dois povos se unam em só Estado. Já a mais disseminada é a criação de um Estado palestino autônomo, defendida, entre outros, pelo chanceler italiano Franco Frattini. Para ele, a "unidade da Palestina é a pré-condição para encaminhar com sucesso a reconstrução da Faixa de Gaza".

Desocupação

Defensores dessa corrente pregam a imediata desocupação israelense do território palestino e o fim do bloqueio comercial a Gaza. "O caminho viável seria os EUA anunciarem que não apoiam mais as ocupações ilegais e que Israel saísse da Cisjordânia, o que é difícil de imaginar", diz o professor de jornalismo da Universidade do Texas e ativista político, Robert Jensen. Para ele, nada do que o presidente Barack Obama disse ou nenhum nome indicado para sua equipe mostram que isso vá acontecer.

Jensen destaca que a maior parte do mundo é contrária à ocupação – materializada pela presença do Exército israelense e de colonos judeus ortodoxos na Cisjordânia –, mas o apoio norte-americano teria efeito neutralizador a essa oposição.

Para a diretora do Programa de Estudos sobre o Oriente Médio da Universidade de Wisconsin, Jennifer Loewenstein, "não é possível evoluir da atual situação para algo parecido com uma paz justa até que os Estados Unidos e Israel reconheçam o Hamas, conversem com ele e deixem o território que foi estrangulado até a Faixa de Gaza", declarou à Agência Brasil.

Até o presidente Lula já se posicionou pelo diálogo – além de enviar o chanceler Celso Amorim aos países da região – e afirmou considerar "plenamente possível existir o reconhecimento do Estado de Israel e a disposição de ajudar a construir o Estado Palestino". "Nós precisamos detectar quem quer os conflitos, colocar essas pessoas numa mesa de negociação, junto com as forças políticas que têm influência tanto na Autoridade Palestina, sobretudo no Hamas, como no povo de Israel", afirmou o presidente durante programa de rádio.

Pragmatismo

No flanco ponderado, a sugestão é fortalecer os moderados, tanto entre palestinos quanto entre israelenses. "A esperança está na mão dos pragmáticos, aqueles que aceitam fazer negócio com quem não gostam", defende o filósofo e colunista do jornal Folha de São Paulo Luiz Felipe Pondé.

Entre esses práticos, boa parte deseja o retorno ao poder da Autoridade Palestina, controlada pelo partido Fatah. O que depende de sua aceitação por parte dos guerrilheiros do Hamas, que expulsaram o partido de Gaza em 2007 após chegar ao poder via eleições.

"Quanto mais tempo levar para Egito e EUA conseguirem do Hamas a aceitação do Fatah mais chance há de este último perder", diz Pondé. "O distanciamento político do Hamas em relação ao Fatah é quase tão grande quanto em relação a Israel. Mas, como ambos estão enfraquecidos, há uma chance de reaproximação." Para isso se tornar verdade, seria preciso que o Hamas "subisse de nível", para um estágio em que conseguisse dialogar, diz ele. (HC)

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