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Novos protestos, incluindo marchas, greves de fome e a convocação de uma greve geral, surgiram nesta terça-feira na Bolívia em repúdio à repressão policial contra uma manifestação de indígenas amazônicos que abalou o governo de Evo Morales.

Uma ação policial no domingo para dissolver uma marcha que se dirigia a La Paz, em protesto contra a construção de uma rodovia financiada pelo Brasil e que deverá cortar a Amazônia boliviana, desatou a ira de sindicatos urbanos, estudantes e organizações cívicas regionais.

Sob pressão, Morales anunciou na segunda-feira à noite a suspensão temporária do questionado projeto, até que a população das regiões afetadas se pronuncie em referendo.

Apesar disso, os protestos se multiplicaram, e o que era um movimento contra a estrada tornou-se uma contestação ao próprio presidente socialista.

"Já não podemos tolerar mais abusos, o que o governo fez com os indígenas é antidemocrático, o presidente tem de assumir sua responsabilidade e demitir os ministros responsáveis", disse o sindicalista Bruno Apaza, da Central Operária Boliviana (COB), que convocou uma greve geral para quarta-feira.

Alunos da estatal Universidade San Andrés, a maior do país, paralisaram o centro de La Paz com uma manifestação de apoio aos indígenas.

Outras regiões registraram marchas e greves de fome. No departamento amazônico de Beni, região de origem da maior parte dos indígenas envolvidos no protesto inicial, teve início uma greve por tempo indeterminado.

Cerca de 200 indígenas permanecem acampados na localidade de Rurrenabaque, onde discutem se irão retomar a marcha de 600 quilômetros até La Paz, que começou há seis semanas e estava na metade do caminho quando foi dissolvida pela polícia.

A ministra da Defesa, Cecília Chacón, pediu demissão na segunda-feira em protesto contra a ação policial. Na terça-feira, fizeram o mesmo o vice-ministro do Interior, Marcos Farfán, e a diretora de Migração, María René Quiroga.

Farfán admitiu ter dado ordens à polícia para agir contra os manifestantes, e renunciou para se submeter a uma investigação, disse o chefe dele, ministro Sacha Llorenti, em entrevista coletiva.

Mas Farfán negou essa versão, dizendo que a operação não foi autorizada pelo Executivo.

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