Policiais reprimem manifestantes em São Petersburgo: alguns dos detidos receberam a ordem de se apresentar em escritórios de alistamento já nesta quinta-feira| Foto: EFE/EPA/ANATOLY MALTSEV
Ouça este conteúdo

Na quarta-feira (21), o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou a mobilização de 300 mil reservistas para a guerra da Ucrânia e ameaçou usar armas nucleares para “defender” o território do país – já prevendo a anexação de regiões no leste e no sul ucraniano, que será votada em referendos a partir de sexta-feira (23).

CARREGANDO :)

O anúncio representa uma escalada no conflito iniciado em 24 de fevereiro, e a resposta do povo russo indica que Putin pode ser ameaçado pelo aumento do descontentamento da população a respeito da guerra – mas alguns movimentos apontam que uma grande parcela segue apoiando o presidente. Confira informações sobre as principais reações registradas até o momento:

Protestos

Grandes manifestações contra a mobilização dos reservistas foram registradas em pelo menos 38 cidades russas na quarta-feira, nas quais cerca de 1,3 mil pessoas foram presas, segundo números divulgados por um grupo de monitoramento independente.

Publicidade

Alguns dos detidos receberam a ordem de se apresentar em escritórios de alistamento já nesta quinta-feira (22). Outras manifestações devem ser realizadas no fim de semana.

Fuga em massa

Grandes filas de carros se acumularam nas fronteiras com países vizinhos, como a Finlândia e a Geórgia, depois do anúncio de mobilização de 300 mil reservistas.

Muitos russos também estão tentando deixar a Rússia de avião. Segundo a agência Reuters, os assentos em todos os voos da Turkish Airlines de Moscou para Istanbul (a Turquia permite a entrada de russos no país sem visto) foram todos reservados até o próximo domingo.

A grande procura tem feito o preço das passagens disparar. Segundo um levantamento do site de notícias de aviação Simple Flying, na quarta-feira, as passagens mais baratas para Dubai estavam com preços de mais de 300 mil rublos (quase R$ 26 mil), aproximadamente cinco vezes o salário médio mensal na Rússia.

Passagens para a Turquia estavam custando 70 mil rublos (R$ 6 mil), enquanto na semana passada estavam em pouco mais de 22 mil rublos (R$ 1,9 mil).

Publicidade

Diante desse aumento na procura, o governo russo proibiu a venda de passagens para homens com idade entre 18 e 65 anos, a menos que apresentem autorização para viajar expedida pelo Ministério da Defesa.

Nesta quinta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que há exagero nas informações sobre russos tentando deixar o país. “Há muita informação falsa. É preciso estar atento para não ser vítima destas informações falsas”, disse Peskov.

Mobilização

Segundo agências de notícias russas, cerca de 10 mil reservistas já se ofereceram para lutar na Ucrânia antes mesmo da chegada dos seus papéis de convocação.

Nikolay Petrov, pesquisador sênior do programa Rússia e Eurásia na Chatham House de Londres, apontou ao site Euronews que o líder russo tenta atrair o apoio tanto do público interno quanto de aliados como China e Índia, que recentemente manifestaram preocupação com os rumos da guerra.

“O discurso de Putin [ao anunciar a mobilização dos reservistas] foi uma tentativa de transformar a guerra imperialista em uma guerra patriótica”, afirmou Petrov.

Publicidade

Serão chamados reservistas que já serviram nas forças armadas russas e têm experiência de combate ou habilidades militares especializadas. Entretanto, analistas militares acreditam que, com o treinamento que será necessário, esse contingente deve demorar meses para chegar à Ucrânia.

Além da mobilização de 300 mil reservistas, a Rússia prorrogou os contratos dos soldados profissionais conhecidos como “kontraktniki”.

No início da semana, o Parlamento russo aprovou um projeto de lei que endureceu as punições para crimes como deserção (pena de dez anos de prisão), danos à propriedade militar e insubordinação e transformou a rendição voluntária em um crime punível com dez a 15 anos de prisão. Objetores de consciência podem receber penas de até três anos de detenção.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]