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Helicópteros do Exército egípcio sobrevoam a Praça Tahrir ocupada por manifestantes que pedem a saída do poder de Mohamed Mursi. Os protestos continuaram ontem à noite no Cairo | Mohamed Abd El Ghany/Reuters
Helicópteros do Exército egípcio sobrevoam a Praça Tahrir ocupada por manifestantes que pedem a saída do poder de Mohamed Mursi. Os protestos continuaram ontem à noite no Cairo| Foto: Mohamed Abd El Ghany/Reuters

Consequência

Ministros renunciam e sede da Irmandade Muçulmana é atacada

Agência Estado

Os ministros do Turismo, Meio Ambiente, Comunicações e Assuntos Jurídicos do Egito deixaram seus cargos ontem, informou um graduado integrante do governo à agência France Presse. Os quatro entregaram juntos suas cartas de renúncia ao primeiro-ministro Hisham Qandil.

Manifestantes contrários à Irmandade Muçulmana, da qual faz parte do presidente egípcio Mohamed Mursi, ocuparam a sede do grupo na manhã de ontem, no segundo dia consecutivo de manifestações, depois de milhões de pessoas terem saído às ruas no domingo exigindo a renúncia de Mursi.

Imagens dos ataques mostram jovens retirando móveis e material de escritório do prédio, que estava quase vazio e com as janelas quebradas.

O grupo Tamarod, que liderou uma campanha pedindo a renúncia de Mursi, também ofereceu ontem um ultimato ao presidente: ou ele deixa o cargo até as 17 horas de terça-feira e "deixa o poder para as instituições estatais egípcias, para que organizem eleições antecipadas" ou o grupo vai "iniciar a convocação para desobediência civil".

O comunicado não especificou o que exatamente desobediência civil significaria na prática e não estava claro se outros grande grupos opositores participariam da convocação do Tamarod.

Com exceção dos saques à sede da Irmandade Muçulmana e confrontos em cidades menores do Egito, os principais protestos de domingo no Cairo foram pacíficos. Mas a invasão aos escritórios da Irmandade expuseram a falta de liderança dos protestos contra Morsi.

  • Manifestantes rezam durante ocupação da Praça Tahrir
  • Multidão destruiu escritórios da Irmandade Muçulmana

Em meio a manifestações em massa pedindo a saída do presidente islamita Mohamed Mursi, o Exército do Egito deu ontem um ultimato de 48 horas para que o governo solucione a crise, sob pena de uma intervenção militar.

O anúncio, lido na tevê estatal pelo chefe militar egípcio, general Abdel Fattah al-Sisi, diz que os protestos refletem oposição "sem precedentes" contra o governo.

O general disse que os mili­­tares vão anunciar "um novo caminho para o futuro" e reforçar medidas "para ajudar todas as facções, incluindo os jovens". Não está claro qual seria a ação tomada pelo Exército, nem se exigem a saída de Mursi do poder.

A suspeita é de que se planeja um golpe contra ele, primeiro presidente eleito democraticamente da história do Egito. Seu governo acaba de completar um ano. Mais tarde, os militares lançaram comunicado aplacando os temores de golpe.

Após o ultimato, Mursi se encontrou com o chefe das Forças Armadas, Abdel Fattah al-Sisi, e com o primeiro-mini­­stro do país, Hisham Kandil. O resultado da reunião, no entanto, não foi divulgado.

A chegada ao poder de Mur­­­si é um dos marcos da Primavera Árabe.

Segundo um assessor do presidente citado pelo jornal britânico Guardian, Mursi encarou o ultimato como indicativo de um golpe.

Já a Irmandade Muçul­­mana – partido ligado ao presidente – disse que "estuda" a situação.

Soldados

Os manifestantes que há dias lotam as praças, por sua vez, receberam com loas o ultimato militar, visto como um sinal claro de apoio. Diversos soldados foram aclamados nas ruas.

Comunicado

Militares negam "golpe" e dizem que o objetivo é pressionar políticos

Folhapress

As Forças Armadas do Egito divulgaram comunicado ontem em que negam que uma declaração feita mais cedo pelo seu comandante aponte para um golpe militar e disse que o objetivo era pressionar os políticos para chegarem a um consenso.

Negando ter ambições políticas, os militares disseram que estavam respondendo ao "pulso das ruas egípcias" ao emitir um ultimato para que os líderes políticos se unam após gigantescas manifestações ontem contra o presidente Mursi.

O principal grupo de oposição política a Mursi e seus aliados da Irmandade Muçulmana, a Frente de Salvação Nacional, pegaram embalo no ultimato das Forças Armadas e recusaram o diálogo com Mursi.

"Não conversaremos com Mursi porque não o consideramos mais [um presidente] legítimo", afirmou a frente, composta por políticos de esquerda, por meio de seu porta-voz, Khaled Dawoud.

Dawoud afirmou, ainda, que a frente havia concordado em apontar o prêmio Nobel Mohamed ElBaradei, um de seus líderes, para negociar com os militares.

No domingo, a Frente de Salvação Nacional havia pedido a continuidade dos protestos até que Mursi fosse derrubado. Os manifestantes exigem a saída de Mursi e ameaçam fazer uma campanha de desobediência civil caso isso não aconteça.

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