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Funeral de Michael Brown reúne milhares de pessoas no Missouri | REUTERS/Adrees Latif
Funeral de Michael Brown reúne milhares de pessoas no Missouri| Foto: REUTERS/Adrees Latif

* Texto de Eduardo Biacchi Gomes e Laura Garbini Both, professores do Mestrado em Direito da UniBrasil

Uma certa perplexidade paira sobre as tentativas de compreensão dos fatos que cercam a morte de Michael Brown, os protestos gerados por ela e a repressão policial usada para controlar as multidões. Estaríamos assistindo a uma reprise dos anos 60 e 70? Sim e não. Talvez.

No contexto de 50 anos atrás, a política de Estado americana era assumidamente segregada, cenário que fomentou as lutas pela instituição de direitos civis e pela abertura de espaços de participação política.

Hoje, a sociedade americana se organiza em torno do governo de um presidente negro, depositário e portador da problematização constante e sistemática da histórica questão racial interna — quase sempre paralela aos enfrentamentos de ordem externa — e enredado nas consequências de uma grave crise econômica, situação que certamente piora outras crises, permanentes e presentes nas relações sociais cotidianas.

Qual a profundidade e as repercussões de toda essa imbricação? Reside aí a dificuldade em formular explicações estruturais imediatas, para além do trágico fato.

Do ponto de vista da análise histórica e mesmo sociológica, ainda é prematura qualquer avaliação acerca da peculiaridade do momento. Contudo, de acordo com estatísticas do Departamento de Polícia de Ferguson, é grande o número de detenções de negros realizadas pelos policiais locais, se comparadas com as detenções de brancos.

O centro de Pesquisas Pen Research, em estudos do ano passado, aponta para um descontentamento maior dos negros em relação ao tratamento policial, se comparado com a percepção dos brancos.

Ainda é longa a trajetória que os EUA têm de percorrer na consolidação da representação multicultural no espaço político, da igualdade de participação na distribuição econômica e da efetivação do reconhecimento das diferenças. Processos que engendram a revelação, a visibilidade e a superação de toda ordem de discriminações e de violências, explícitas e ocultas.

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