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Durante plenária de clube de debate na região de Moscou, presidente mentiu ao dizer que Rússia nunca falou diretamente sobre uso de armas nucleares
Durante plenária de clube de debate na região de Moscou, presidente mentiu ao dizer que Rússia nunca falou diretamente sobre uso de armas nucleares| Foto: EFE/EPA/PAVEL BYRKIN/SPUTNIK/KREMLIN

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, alegou nesta quinta-feira (27) que não cogita um ataque nuclear preventivo contra a Ucrânia ou o Ocidente, após especulações sobre supostos planos do Kremlin de usar armas de destruição em massa como parte da guerra que deflagrou em fevereiro contra o país vizinho.

“Não, não posso me imaginar no lugar do [líder soviético Nikita] Krushev. Em nenhum caso”, disse Putin durante a sessão plenária do clube de debate Valdai na região de Moscou, referindo-se à crise dos mísseis de Cuba, que recentemente completou 60 anos.

No dia anterior, Putin acompanhou um teste nuclear massivo durante as primeiras manobras de suas forças estratégicas desde o início da invasão à Ucrânia.

O presidente russo “recomendou” que os ocidentais estudem a doutrina de dissuasão nuclear do país que ele mesmo aprovou em junho de 2020 e que não contempla um ataque preventivo.

“Que a leiam”, declarou, acrescentando que a Rússia só usará “armas de destruição em massa, armas nucleares, para a defesa de sua soberania, integridade territorial e para garantir a segurança do povo russo”.

Entretanto, analistas ponderam que a iniciativa russa de anexar quatro regiões ucranianas recentemente tem justamente o objetivo de justificar um ataque nuclear – ao considerar essas áreas território russo, o Kremlin trataria ações ucranianas para recuperá-las como um desrespeito à sua soberania e integridade territorial, ultrapassando a linha vermelha da sua doutrina nuclear.

Putin disse que “enquanto existirem armas nucleares, o perigo de seu uso sempre existirá”, embora tenha lembrado que os Estados Unidos foram o único país a usar uma bomba atômica contra outro Estado não atômico, o Japão, em agosto de 1945.

“Nunca falamos diretamente sobre o possível uso de armas nucleares pela Rússia. Apenas respondemos às declarações feitas pelos líderes dos países ocidentais”, alegou. Porém, o presidente russo e membros do seu governo mencionaram várias vezes a possibilidade desde o início da guerra sem provocação alguma nesse sentido.

Nesta quinta-feira, Putin argumentou também que “não faz sentido político nem militar” que a Rússia use uma “bomba suja” contra a Ucrânia, a quem acusou de tentar fabricar esse tipo de explosivo não atômico, mas com elementos radioativos.

Kyiv e o Ocidente negam essa possibilidade e alegam que Moscou visa uma operação de bandeira falsa ao mencionar o assunto (ou seja, encenar um ataque do inimigo com o armamento para justificar sua utilização).

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, alertou Putin na quinta-feira que a resposta da comunidade internacional será “significativa” se Moscou lançar um ataque nuclear.

Austin fez as observações durante a apresentação das revisões de 2022 da Estratégia de Defesa Nacional, Postura Nuclear e Defesa com Mísseis dos EUA.

Sobre a postura nuclear, o documento insiste que “os Estados Unidos só considerarão o uso de armas nucleares em circunstâncias extremas” para defender seus interesses vitais e os de seus aliados e parceiros.

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