Pelo menos 93 jovens foram detidos no Cairo durante o primeiro dia da Festa do Sacrifício, acusadas de assediar sexualmente mulheres egípcias e estrangeiras, informou neste domingo o jornal estatal "Al-Ahram".

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Segundo o jornal, as detenções foram realizadas na sexta-feira em áreas da capital normalmente frequentadas pelos jovens durante estes dias de feriado escolar, nos quais as famílias costumam sair às ruas para visitar e reunir-se com seus parentes.

O "Al-Ahram" ressalta, além disso, que o primeiro-ministro egípcio, Hisham Qandil, anunciou que seu governo prepara um projeto de lei para aumentar as penas para esse tipo de crime, cuja ocorrência aumenta no país durante esta festa, uma das mais sagradas do calendário muçulmano.

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O fenômeno, recorrente nas festividades no Cairo, mas que quase não aparecia nos meios de comunicação durante a ditadura de Hosni Mubarak, se estendeu de tal maneira que este domingo ocupa as manchetes de vários jornais.

O assunto aparece tanto no independente "Al Masry Al-Youm" como no opositor "Al Tahrir", que publica uma foto de vários jovens tentando tocar o traseiro de duas meninas de véu.

Perante a crescente problemática, vários voluntários lançaram uma campanha para denunciar, conscientizar e registrar cada caso durante a festividade, que acabará amanhã.

A ativista Hala Mustafa, que participa dessa iniciativa, afirmou à Agência Efe que esta festa está sendo cenário de "uma campanha bem organizada do assédio sexual".

"Agora, quando os adolescentes, que costumam ter entre 11 e 15 anos, veem uma menina que querem assediar utilizam um assobio para chamar outros jovens para ajudá-los a cercar a vítima", explicou Hala.

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A ativista também lamentou o comportamento "negativo" da polícia quando ocorre um caso de assédio sexual, e deu como exemplo o ocorrido no sábado com uma colega sua, que foi assediada no centro do Cairo enquanto tentava conscientizar os cidadãos sobre a gravidade deste fenômeno.

Com a ajuda de outras pessoas, esta jovem levou o agressor a uma delegacia, onde os agentes "o defenderam e tentaram impedir que a vítima o denunciasse", lamentou Hala.

Esta ativista considerou que o aumento do fenômeno se deve à violação dos direitos da mulher durante os anos do regime de Mubarak e à extensão do pensamento conservador muçulmano wahhabista, que limita o papel da mulher a casar-se e ter filhos.