Membros da tribo Mundari, do sul do Sudão: ao que tudo indica, região irá se separar do resto do país em julho. Seu nome deverá ser “Sudão do Sul” ou “Kush”| Foto: Goran Tomasevic/Reuters

Cartum - Quase 99% dos sudaneses votaram pela separação do sul do Su­­dão, aponta a primeira apuração oficial do referendo realizado na semana passada. O resultado in­­dica que o mundo terá seu mais novo país na África a partir de 9 de julho, de acordo com os termos de acordo de paz assinado em 2005 e que encerrou décadas de guerra civil entre norte e sul.

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Os números finais oficiais são esperados em fevereiro, mas o site da Comissão do Sudão do Sul para o referendo já mostra que 98,6% dos eleitores votaram pela independência. O resultado de­­ve se confirmar, já que foram apuradas até o momento mais de 80% das urnas do sul e 100% nas outras áreas.

A comissão já havia confirmado anteriormente que a participação ultrapassou os 60% considerados mínimos para a validação do resultado.

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Membros da comissão eleitoral confirmaram a autenticidade do site e dos números. "Este é o resultado que esperávamos... os resultados não vão mudar muito", disse o vice-diretor da comissão, Chan Reek Madut.

As autoridades do sul da na­­ção africana têm se contido na reação aos resultados preliminares e alertaram os sudaneses sobre comemorações antecipadas que poderiam criar tensão com o norte.

Um membro do alto escalão do Partido do Congresso Na­­cional disse que iria esperar até o anúncio final. "Mas a expectativa é que o resultado será de secessão", disse Rabie Abdelati. "O partido está trabalhando agora nas questões pós-referendo, co­­mo a delimitação das fronteiras. Nós estamos fazendo nosso me­­lhor para nos prepararmos para as consequências da secessão do norte."

A única área que votou pela manutenção do país como um só foi o estado de Darfur Sul. Se­­gundo dados da comissão, 63,2% dos eleitores da região preferiram manter o país unido e apenas 36,8% escolheram a secessão.

"Não é surpreendente por causa da forma como eles conduziram o seu registro. Algumas pessoas se registraram como su­­listas, mas eram realmente do norte de Darfur", disse Madut. "Eles se aproveitaram da falta de segurança na área, mas isso não terá impacto sério sobre o resultado."

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Funcionários do norte e do sul ainda têm de chegar a um acordo sobre como dividiriam as receitas do petróleo após uma cisão e classificar a posse da região fronteiriça de Abyei.

Raízes

A guerra entre norte e sul do Sudão – o mais longo conflito civil da África – foi alimentada pelas diferenças so­­bre religião, etnia, petróleo e ideologia. Um número estima­­do de 2 milhões de pessoas morreram e outras 4 milhões foram obrigadas a fugir.

Por fim, o nome da nova nação é uma incógnita. Pode ser "Sudão do Sul" ou "Kush", nome de uma das primeiras civilizações da região sul do Rio Nilo, que se desenvolveu por volta de 1.500 a.C.

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