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Baker Street, 221B, ao lado do Museu Sherlock Holmes, em Londres. | Jordan 1972/Wikimedia Commons
Baker Street, 221B, ao lado do Museu Sherlock Holmes, em Londres.| Foto: Jordan 1972/Wikimedia Commons

Sherlock Holmes nunca existiu. Mas, coincidência ou não, é exatamente no endereço onde estaria a casa deste personagem britânico por excelência que está um dos maiores mistérios recentes de Londres.

Se o detetive que desde 1897 ocupa lugar de destaque no imaginário coletivo é pura ficção, e, portanto, não tem como ter deixado herdeiros, a quem pertenceria o quarteirão onde supostamente estaria Baker Street, 221B, o célebre QG de Holmes nas histórias do escritor inglês Sir Arthur Conan Doyle?

O certo é que ninguém sabe dizer exatamente quem é o proprietário do bloco que vale 174 milhões de libras (ou algo em torno de R$ 795 milhões) e inclui vários imóveis, entre eles a loja dos Beatles. De acordo com denúncia realizada pela Global Witness em um longo relatório entregue ao gabinete do primeiro-ministro David Cameron, os imóveis pertenceriam, por caminhos tortuosos, a Rakhat Aliyev, ex-chefe da polícia secreta do Cazaquistão e enteado do presidente daquele país.

Placa que marca o endereço tornado célebre na ficção.gailf548/Wikimedia Commons

O vínculo foi levantado pela ONG durante as investigações para saber quem são os verdadeiros donos de três mil imóveis em áreas de luxo da capital britânica.

“As leis acabam protegendo as identidades dessas pessoas, que adquirem imóveis por meio de participações em fundos de investimentos ou empresas baseadas em paraísos fiscais, e encobrem dinheiro de origem duvidosa. Hoje, Londres é uma das capitais da lavagem de dinheiro no mundo”, diz Chido Dunn, uma das coordenadoras do estudo da Global Witness.

Segundo a ativista, 80% dos imóveis que estão sendo investigados pela ONG têm seus proprietários baseados em paraísos fiscais.

A estimativa, disse Dunn, é que propriedades na Inglaterra e no País de Gales, no valor de 122 bilhões de libras, ou R$ 660 bilhões, pertençam a companhias registradas em paraísos fiscais.

Ficção

O número da casa de Holmes não existe na vida real. Mas convencionou-se instalá-lo em uma das portas do bloco londrino, onde funciona hoje o museu do detetive. A dúvida é se 221B deveria ficar ali de fato.

A Global Witness está certa de que Rakhat Aliyev era o verdadeiro dono dos imóveis de Baker Street. Os advogados das empresas proprietárias negam qualquer ligação com o cazaque, segundo a mídia britânica.

Ele foi encontrado morto em fevereiro deste ano em uma prisão na Áustria, onde aguardava julgamento. Era acusado pelo assassinato de dois banqueiros em seu país.

Aliyev também era investigado por tortura, assassinato e lavagem de dinheiro, acusações que os advogados também negam, segundo os jornais britânicos.

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