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As deputadas americanas do Partido Democrata Ilhan Abdullahi Omar (à esquerda) e Rashida Tlaib
As deputadas americanas do Partido Democrata Ilhan Abdullahi Omar (à esquerda) e Rashida Tlaib| Foto: Brendan Smialowski / AFP

Israel anunciou nesta quinta-feira (15) que vai proibir a entrada no país de duas deputadas muçulmanas dos Estados Unidos. O presidente americano Donald Trump disse que as deputadas democratas Ilhan Omar e Rashida Tlaib deveriam ser impedidas de entrar no país porque elas "odeiam Israel e todos os judeus", em um tuíte publicado pouco antes do anúncio da decisão de Israel.

O Ministério do Interior israelense disse que as duas deputadas não teriam permissão para entrar no país porque elas apoiam um boicote a Israel. As duas tinham planos de começar uma visita ao país neste fim de semana. Segundo comunicado do ministério, a decisão foi tomada porque as duas legisladoras "exploram o palco mais central de todos para apoiar organizações como a BDS que pedem por um boicote contra Israel". A sigla BDS se refere ao movimento "Boicote, Desinvestimento e Sanções", que critica Israel pelo seu tratamento aos palestinos.

As duas deputadas fazem parte do grupo chamado "Esquadrão", que também inclui as deputadas democratas Alexandria Ocasio-Cortez e Ayanna Pressley, alvo de uma série de ataques de Trump neste ano. Congressistas democratas criticaram a proibição e até mesmo alguns republicanos disseram que a decisão foi errada.

A viagem de Tlaib e Omar para Jerusalém e Cisjordânia, que seria financiada por meios privados, foi planejada por uma organização coordenada pela legisladora palestina Hanan Ashrawi, que atua há anos como negociadora de paz.

Tlaib e Omar negaram repetidas vezes que suas críticas sejam contra judeus ou israelenses e disseram que o seu posicionamento é direcionado ao governo de Israel com base em graves diferenças políticas. Saiba quem são as deputadas:

Ilhan Omar

A deputada americana do Partido Democrata Ilhan Abdullahi Omar, 15 de julho de 2019, em coletiva de imprensa em Washington
A deputada americana do Partido Democrata Ilhan Abdullahi Omar, 15 de julho de 2019, em coletiva de imprensa em Washington| Brendan Smialowski / AFP

Ilhan Omar nasceu na Somália. Quando criança se mudou com a família para os EUA como refugiados para escapar da guerra civil em 1997 e depois foi naturalizada no país. Omar é uma das duas primeiras mulheres muçulmanas a chegar à Câmara dos Representantes dos EUA, ao lado de Rashida Tlaib.

A representante do estado de Minnesota já foi acusada repetidas vezes de ter feito comentários considerados antissemitas. Em tuítes antigos, ela disse que Israel "hipnotizou o mundo". Em janeiro deste ano ela pediu desculpas e disse que não sabia que os comentários podiam ofender os judeus americanos.

Ela voltou a ser alvo de críticas em abril por causa de comentários sobre os atentados de 11 de setembro de 2001 que os democratas dizem que foram tirados de contexto. Um vídeo em que Omar aparece dizendo que "algumas pessoas fizeram algo" nos atentados começou a circular.

A fala de Omar foi feita durante discurso no Conselho para as Relações Americano-Islâmicas (CAIR), em março, quando ela falava sobre as consequências dos ataques entre a comunidade de muçulmanos nos EUA.

"Por muito tempo vivemos com o desconforto de ser cidadãos de segunda classe e, francamente, estou cansada disso, e cada muçulmano neste país deve estar cansado disso. O CAIR foi fundado após o 11 de setembro porque eles reconheceram que algumas pessoas fizeram algo e que todos nós estávamos começando a perder o acesso a nossas liberdades civis".

Trump já disse outras vezes que Omar "odeia Israel" e "odeia os judeus" e também sugeriu que ela apoia o grupo terrorista al-Qaeda, responsável pelos ataques de 11 de setembro. Provavelmente uma menção distorcida sobre o que a deputada disse em 2013, durante uma entrevista a um canal de televisão de Minnesota. Na ocasião, ela falou, sorrindo, sobre a expressão vocal e corporal mais intensa e negativa de um de seus professores da faculdade ao falar o nome "al-Qaeda", quando perguntada sobre o uso dos nomes árabes para grupos terroristas e por que eles não eram traduzidos - o que não pode ser interpretado como elogio ou apoio ao grupo terrorista.

Rashida Tlaib

Deputada democrata Rashida Tlaib discursa em evento em Detroit, Michigan, em 22 de julho
Deputada democrata Rashida Tlaib discursa em evento em Detroit, Michigan, em 22 de julho| Bill Pugliano / Getty Images / AFP

Tlaib, representante do estado de Michigan, foi eleita em 2018 como a primeira mulher palestino-americana a atuar no Congresso. Ela e Omar são as duas primeiras mulheres muçulmanas a serem eleitas para o Congresso.

Ela nasceu em Detroit, Michigan, filha de pais palestinos. A sua avó ainda vive na Cisjordânia. A mais velha entre 14 filhos, Tlaib foi a primeira de sua família a se graduar no ensino médio, e depois na universidade.

A deputada abraça ideias como sistema de saúde pública para todos e salário mínimo de 15 dólares por hora. Tlaib ganhou manchetes nos EUA após tomar posse por ter usado um palavrão para se referir a Trump durante um evento, ao dizer que pediria o impeachment do presidente.

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