Nathan Larson, que tem 37 anos, planeja levar seus pontos de vista ao público ao participar da campanha eleitoral na Virgínia| Foto: Aldrich HanssenReprodução/Wikimedia

Nathan Larson mora com seus pais e passa a maior parte de seu tempo na internet, devido ao seu trabalho como contador. E é na web que ele desenvolveu alguns pontos de vista que o colocam à margem da sociedade. 

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Ele defende a instituição de um sistema patriarcal, com mulheres sob a autoridade dos homens; apoia o fim das restrições de idade ao casamento e leis contra o estupro no casamento; acredita que a supremacia branca é um sistema que funciona e que Hitler foi uma “boa coisa para a Alemanha” e que o incesto deve ser legalizado, pelo menos no contexto do casamento.

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Larson também expressou admiração pelo Talibã, no Afeganistão, destacando que a taxa de natalidade no país caiu em consequência do aumento no número de oportunidades para as mulheres, após a intervenção norte-americana no país, que durou mais de uma década. 

Mas Larson, que tem 37 anos, planeja levar seus pontos de vista ao público ao participar da campanha eleitoral na Virgínia. Ele quer disputar uma vaga para deputado federal pelo 10° Distrito do Estado, uma área entre três condados no Norte da Virgínia e próxima aos subúrbios de Washington. O posto pertence à republicana Barbara Comstock, mas os democratas tem forte interesse na vaga. Larson é candidato independente, já que, no ano passado, foi expulso do Partido Libertário da Virgínia.

Visões extremas

A campanha de Larson despertou atenção por suas visões descaradas. O HuffPost informou na semana passada que ele criou dois websites para defender suas posições. Eles já foram retirados do ar. 

Um deles foi criado para servir como “sede e ponto de encontro casual para os incels, uma pequena e ativa comunidade online de celibatários involuntários”, que lutam contra o feminismo e o sistema de empoderamento feminino, responsáveis por “privá-los da gratificação sexual”. É uma subcultura da internet que começa a despertar alguma atenção dos principais meios de comunicação. O outro site fazia apologia à pedofilia. 

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Ele destacou que seus pontos de vista se tornaram mais extremos após um conturbado divórcio. Em 2015, sua ex-esposa conseguiu uma ordem que impedia que Larson se aproximasse dela. E, após sua ex-mulher ter se suicidado, envolveu-se em uma batalha legal por sua filha, que nasceu após a separação do casal. 

Segundo o jornal “Colorado Springs Independent”, o então promotor do condado de El Paso, Robert Kern, argumentou, com sucesso, que Larson não seria um pai adequado. Larson disse que se encontrou apenas uma vez com a sua filha, durante uma visita supervisionada por uma assistente social. 

Antecedentes criminais

Larson também tem antecedentes criminais. Em 2009, ele se declarou culpado de ameaçar de morte o presidente dos Estados Unidos. Ele ficou preso por 16 meses e passou três anos em liberdade condicional. Em uma entrevista anterior ao “Washington Post”, ele disse que enviou uma carta ao serviço secreto americano alertando sobre planos para matar o presidente George W. Bush ou o presidente Barack Obama. 

Segundo ele, seria um ato de desobediência civil que teria como objetivo chamar atenção à tirania do governo dos Estados Unidos. Ele tem outras condenações: uma por uso de computadores para assédio, que Larson atribui a um e-mail obsceno enviado a uma mulher quando era estudante universitário, e outras duas relacionadas à posse de maconha. 

Muitos conservadores tem usado a candidatura de Larson para atacar a legislação eleitoral da Virgínia, após o governador Terry McAuliffe, do Partido Democrata, ter restaurado os direitos civis e de voto a milhares de criminosos condenados. 

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Larson preencheu os requisitos necessários para o Comitê Eleitoral da Virgínia certificar a sua candidatura. Ele disse ter encaminhado uma relação com 1.000 assinaturas de potenciais eleitores, uma exigência estadual para concorrer ao Congresso. 

Segundo ele, o objetivo de sua candidatura é tentar construir um movimento. Ele disse não se aborrecer se sua mensagem não for bem aceita pelos eleitores.

*Atualização: em versão anterior, a reportagem trazia a informação de que Larson concorria ao cargo de deputado pelo movimento libertário. Na verdade, ele é um candidato independente. No ano passado ele foi expulso do Partido Libertário da Virgínia. O texto foi corrigido na terça-feira (5 de junho), às 9h20.