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Imagem de vídeo postada no YouTube mostra rebeldes em desfile em tanque por região de Alepo | AFP
Imagem de vídeo postada no YouTube mostra rebeldes em desfile em tanque por região de Alepo| Foto: AFP

Resposta

Ataque é "prego no caixão" de Assad, diz secretário americano

AFP

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, alertou o presidente sírio, Bashar Assad, que o ataque contra seu próprio povo em Alepo representa um "prego no caixão" do mandatário, em alusão ao fim do regime. A oposição síria diz que as forças governamentais estão se preparando para praticar "massacres". "Está bem claro que Alepo é outro exemplo claro do tipo de violência indiscriminada que o regime de Assad cometeu contra seu próprio povo", disse Panetta a jornalistas em um avião militar a caminho da Tunísia, primeira escala de um giro internacional que o levará ainda ao Egito, a Israel e à Jordânia.

"Se continuarem com esse tipo de ataque trágico contra seu próprio povo em Alepo, eu penso que no fim das contas isto representará um prego no caixão de Assad", afirmou. "Ele apenas está assegurando que o regime terá um fim devido ao tipo de violência que está praticando contra seu próprio povo", acrescentou. Segundo Panetta, Assad "perdeu toda a legitimidade e quanto maior a violência que emprega, mais ele demonstra que o regime está chegando ao fim", emendou. Não é mais uma questão de se o regime vai cair, mas "de quando" isso ocorrerá, acrescentou.

"Os Estados Unidos e a comunidade internacional têm deixado muito claro que isso é intolerável e têm pressionado diplomática e economicamente a Síria para pôr um fim a esse tipo de violência, a conseguir a saída de Assad e uma transição para uma forma democrática de governo."

  • O corpo de um suposto miliciano de Assad é visto em rua de Alepo cercado por rebeldes

Fortes bombardeios ocorreram pelo segundo dia consecutivo na capital comercial da Síria, Alepo, ontem. As tropas do governo continuaram sua ofensiva contra os rebeldes em várias partes da cidade, atemorizando a população civil.

O Conselho Nacional Sírio (SNC, na sigla em inglês), de oposição, acusou o regime do presidente Bashar Assad de se preparar para "massacres" na cidade e pediu que o Conselho da Organização das Nações Unidas (ONU) faça uma reunião de emergência. Como os rebeldes enfrentam uma capacidade militar maior do governo, o chefe do SNC, Abdel Basset Sayda, pediu que os governos ocidentais forneçam armas. "Se a comunidade internacional não puder agir, eles devem apoiar a oposição com mísseis antitanques e foguetes antiaéreos", Abdel Basset Sida disse em Abu Dabi. "Estamos buscando ajuda internacional para armar a nossa revolta contra o regime."

Em meio a temores de um massacre ou batalha sangrenta em Alepo, até 200 mil civis teriam fugido. "A vida em Alepo se tornou insuportável", disse um escritor sírio, que pediu para não ser identificado, com medo de represálias, enquanto se preparava para deixar o local.

O enviado de paz da ONU, Kofi Annan, pediu que os dois lados interrompam a violência, dizendo que apenas uma solução política poderia finalizar o conflito que os observadores de direitos humanos contabilizam ter matado mais de 20 mil pessoas desde o início dos levantes em março de 2011.

Poder

Em entrevista coletiva concedida durante visita a Teerã, o ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid al-Moallem, criticou a interferência dos vizinhos do Oriente Médio no conflito e acusou as administrações sunitas de apoiar os rebeldes a pedido de Israel. "Israel é o mentor de tudo nesta crise", disse Walid, que concedeu a entrevista junto com o ministro das relações exteriores do Irã, Ali Akbar Salehi. "Eles (o Qatar, a Arábia Saudita e a Turquia) estão lutando no mesmo fronte." Para ele, os rebeldes serão derrotados. "Nós acreditamos que todas as forças anti-Síria se reuniram em Alepo para lutar contra o governo ... e que elas certamente serão derrotadas", afirmou. Já o ministro iraniano alertou que, se o conflito no país piorar e o regime sírio cair, as consequências "iriam invadir a região e, eventualmente, o mundo inteiro". Ele acrescentou ainda que é "inocente e ilusório pensar que, se um vácuo de poder for aberto na Síria e o governo mudar, um novo governo possa ser estabelecido com facilidade".

Porões

Um ativista disse que houve mais ataques no distrito de Salaheddin, no sudoeste de Alepo, onde rebeldes haviam repelido um ataque terrestre no sábado. Ele disse que também houve confronto entre soldados e rebeldes nos bairros de Bab al-Nasr, Bab al-Hadid e Cidade Velha, todos no centro da cidade. "As ruas estreitas dos distritos do centro, com mercados e prédios densamente povoados são impossíveis de chegar com tanques e bombardeios", disse.

Os dois lados afirmaram terem avançado no confronto, mas um correspondente da AFP disse que os rebeldes conseguiram repelir em grande parte a ofensiva do exército. Segundo ele, os civis que decidiram permanecer na cidade, de cerca de 2,5 milhões de pessoas (veja no infográfico), se aglomeraram em porões tentando se proteger dos intensos bombardeios.

Jordânia recebe fluxo de refugiados

Reuters

A Jordânia se preparava ontem para receber um novo fluxo de refugiados dos confrontos na Síria abrindo um campo com 2 mil barracas para acomodá-los perto da fronteira. Diplomatas afirmaram que cerca de 115 mil sírios já deixaram o país, a maioria em direção a Turquia, Líbano e Jordânia, para escapar da revolta contra o presidente Bashar Assad, que já dura 17 meses.

Autoridades da Jordânia estimam que cerca de 130 mil sírios entraram no país desde o início do levante, mas, segundo diplomatas, nem todos são classificados como refugiados.

"Só podemos esperar que mais pessoas cheguem, mais pessoas que necessitarão de assistência", disse Andrew Harper, representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR) na Jordânia, na abertura do campo.

"Estamos vendo mulheres e crianças sem os maridos, sem os pais, vindo pela fronteira", disse Harper no campo ainda vazio, o primeiro a se tornar operacional para os refugiados sírios, perto da cidade de Mafraq, que fica a 10 quilômetros da fronteira síria.

Dezenas de milhares de sírios fugiram para a Jordânia por meio de postos de fronteira oficiais ou clandestinamente, cruzando a fronteira em grande parte deserta.

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