Mulher homenageia mortos do voo MH17 da Malaysia Airlines lem Kiev| Foto: EFE / Roman Pilipey

Artigo

Relação entre Brasil e Rússia é ideológica, mas de benefícios duvidosos

Eduardo Saldanha, coordenador do curso de Direito da FAE

A aproximação entre países é algo necessário e corriqueiro no dia a dia da política internacional. O esforço do governo Dilma em aumentar a influência e a participação brasileira no cenário internacional é louvável, mas devem ser consideradas as motivações ideológicas e os benefícios políticos dessas escolhas. A tentativa de aproximação com a Rússia mostra um alinhamento ideológico coerente, e talvez economicamente muito mais benéfico se comparado com as relações Brasil-Cuba.

Entretanto, deve-se considerar os impactos externos de uma grande aproximação com um país que notadamente optou por se afastar do ocidente, o que pode gerar dificuldades negociais e comerciais ao Brasil. A assinatura de acordos de cooperação técnica entre Brasil e Rússia demonstra coerência e um relativo sucesso na busca por aproximação. Mas, embora o potencial mercado russo – que pode chegar a mais de 10 bilhões de dólares anuais – seja enorme, não se pode marginalizar o significado político e negocial dessa aproximação, vez que está claro que o governo de Putin optou por distanciar-se do ocidente, o que foi ainda mais evidenciado com a crise na Ucrânia.

Certo é que esse nível de aproximação leva a preferências, negociações em bloco e adoção de medidas harmonizadas, o que, consequentemente, gera um endurecimento no tom e nos benefícios dados por aqueles que não estão tão próximos e alinhados. O governo brasileiro tem sido coerente em suas alianças, entretanto deve-se colocar na balança se essa opção tem sido estrategicamente a melhor devido ao seu significado político e às estratégias de negociações econômicas.

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350 voos comerciais passam pela parte oriental da Ucrânia todos os dias. Do total, 150 são internacionais. Por causa dos combates na região, a Ucrânia restringiu o espaço aéreo a voos acima de 32 mil pés (9.700 metros) em 14 de julho. Mesmo assim,afirmou que pelo menos 75% dos voos que normalmente usam a rota continuaram fazendo isso depois da restrição. O Ministério de Transportes da Malásia afirma que o avião estava em uma rota aprovada.

O porta-voz do governo ucraniano informou no sábado que separatistas pró-Rússia estão restringindo o movimento das equipes de resgate no local da queda do voo MH17 da Malaysia Airlines e também confiscando evidências do acidente.

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INFOGRÁFICO: Veja como funcionam as caixas pretas

Participantes dos trabalhos de busca resgataram até agora 186 corpos de uma área de 25 metros quadrados no leste da Ucrânia, atualmente controlada pelos rebeldes. O governo ucraniano montou em Kharkiv um centro de gestão da crise e os separatistas fizeram o mesmo em Mariupol, uma das cidades ao leste do país que estão sob seu domínio.

Ainda não está claro se os corpos foram recolhidos ou recuperados, disse Andriy Lysenko, porta-voz do Conselho de Defesa e Segurança Nacional. "Há trabalhadores do serviço federal de emergências no local, mas eles não têm liberdade de movimento. Eles não são autorizados a deixar a zona (sob o controle dos rebeldes). Os terroristas estão pegando todas as evidências que eles coletam", contou Lysenko.

Líderes de várias partes do mundo, incluindo o presidente norte-americano Barack Obama, pediram transparência na investigação.

Investigadores buscam evidências para determinar o que aconteceu e a localização das caixas-pretas que armazenam a informação do voo e as gravações da conversa entre o piloto e o co-piloto.

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Nacionalidade

Na manhã de sábado a companhia comunicou as nacionalidades dos 298 passageiros. A maioria deles, 192, eram holandeses, sendo que um também tinha nacionalidade americana. A bordo da aeronave também estavam 44 malaios – incluídos os 15 membros da tripulação e dois bebês –, 27 australianos, 12 indonésios (entre eles um bebê), dez britânicos (um deles com dupla nacionalidade sul-africana), quatro alemães, quatro belgas, três filipinos, um canadense e um neozelandês.

Ucrânia tem relevância no tráfego aéreo global

A Ucrânia pode ser um mercado de aviação pequeno para as companhias aéreas globais, mas o espaço aéreo do país é desproporcionalmente valioso como uma via de tráfego estratégica que liga alguns dos destinos mais importantes do mundo. O voo MH17 da Malaysia Airlines – que autoridades dos EUA afirmam ter sido derrubado na quinta-feira por um míssil terra-ar, matando as 298 pessoas que estavam a bordo – era apenas um dos muitos que atravessam os céus da Ucrânia.

O espaço aéreo ucraniano fica no caminho entre grandes mercados como a Escandinávia e o norte da Europa, por um lado, e se estende até pontos centrais do Oriente Médio, como Dubai, nos Emirados Árabes, e Doha, no Catar, por outro. Desses pontos no Golfo Pérsico, as companhias aéreas estão cada vez mais transportando passageiros para a Europa.

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A Ucrânia também é uma rota popular para voos diretos da Europa para a Ásia, como o trajeto do MH17 da Malaysia Airlines, que estava indo de Amsterdã para Kuala Lumpur. Na sexta-feira, órgãos reguladores ucranianos afirmaram que fechariam temporariamente mais espaços aéreos ao tráfego comercial, citando operações de segurança em terra. Enquanto isso, algumas companhias asiáticas informaram que iriam voluntariamente evitar o leste da Ucrânia, onde o avião caiu. Nas últimas semanas, algumas outras empresas áreas já tinham começado a evitar a área, embora muitas continuassem voando normalmente na quinta-feira.

Cerca de 350 voos comerciais, dos quais 150 são voos internacionais que viajam do Oeste para Leste, atravessam a parte oriental da Ucrânia todos os dias, de acordo com Brian Flynn, gerente da Eurocontrol, organização de controle de tráfego aéreo pan-europeia. Em meio aos combates na região, a Ucrânia restringiu o espaço aéreo a voos acima de 32 mil pés (9.700 metros) em 14 de julho.

A Ucrânia e as companhias aéreas recebem retornos financeiros por manterem essas rotas abertas. Empresas estrangeiras pagam tarifas aos governos de países por onde passam, mesmo quando não pousam ali. Para as companhias, evitar a área significa que elas teriam rotas mais longas. Embora isso com frequência não signifique ampliar em muitas milhas a viagem, pode significar maiores custos com combustíveis, além de margens de lucro menores.

"A Ucrânia é uma das rotas mais viajadas regularmente entre a Europa e partes da Ásia e do Oriente Médio, porque é um caminho reto em condições de vento normais", afirmou John Strickland, diretor da JLS Consulting. A Qantas Airways, que parou de voar sobre a Ucrânia alguns meses atrás, teve de traçar uma rota 400 milhas náuticas mais ao sul da rota de Dubai a Londres.

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