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O presidente Rafael Correa é atingido por bomba de gás lacrimogêneo em meio a protestos de policiais, em Quito: risco ao processo democrático | Rodrigo Buendia /AFP
O presidente Rafael Correa é atingido por bomba de gás lacrimogêneo em meio a protestos de policiais, em Quito: risco ao processo democrático| Foto: Rodrigo Buendia /AFP

Resistência

Do hospital, Correa afirma que prefere morrer

Do hospital onde permanece isolado, o presidente do Equador, Rafael Correa, disse ontem à noite que se sente "sequestrado" pelos manifestantes e reiterou que não irá negociar com os rebelados enquanto a situação não for normalizada.

"Saio daqui como presidente ou como cadáver. Eu não vou assinar nada sob pressão, não vou esmorecer, antes morto que ceder", disse ele em entrevista à rede Telesur, acrescentando que se reuniu com três comissões dos policiais rebelados e anunciou a eles a sua intenção.

Ele disse ainda que não autorizará uma operação para resgatá-lo do local – onde estaria "refém" dos manifestantes – porque quer "evitar derramamento de sangue" no país. Correa foi encaminhado ao hospital após ser atingido por gás lacrimogêneo, depois de tentar conter os protestos no principal quartel da capital, Quito.

A crise

Policiais militares se revoltam contra a perda de benefícios.

Nova lei

- Na noite de quarta-feira, Congresso aprova lei que restringe bonificações a soldados e militares e aumenta de 5 para 7 anos o tempo para as promoções; medida ainda não está em vigor.

Protestos

- Medida desata protestos de milhares de policiais e ao menos 120 militares dissidentes na capital, Quito, em Guayaquil e em outras cidades.

Ocupações

- Manifestantes tomam quartéis, a Assembleia Nacional, os aeroportos de Quito e Guayaquil e interditam vias de acesso à capital; há saques a bancos e supermercados e barricadas nas ruas.

Correa

- Pela manhã, presidente Rafael Correa vai aos manifestantes, mas é hostilizado e acaba hospitalizado devido aos efeitos de bombas de gás lacrimogêneo.

Exército

- Chefe da Forças Armadas, Luiz González, declara lealdade do corpo militar ao presidente.

Exceção

- À tarde, governo decreta estado de exceção e delega às Forças Armadas responsabilidade pela segurança externa e interna do país; escolas e comércio fecham por falta de policiamento.

Fonte: Folhapress

  • Presidente é levado para hospital após ser atingido por manifestantes
  • País teve trocas seguidas de presidentes nos últimos anos

A rebelião de um grupo da Polícia Nacional do Equador, apoiada por ao menos uma facção militar, levou o governo equatoriano a decretar estado de exceção em todo o país por cinco dias.Os rebeldes tomaram quartéis, os principais aeroportos internacionais e a Assembleia Nacional. Na capital Quito e em Guayaquil, centro econômico do país, saques e distúrbios foram registrados. Segundo o governo, ao menos uma pessoa morreu e 6 ficaram feridas na confusão.Em dificuldades políticas, o presidente esquerdista Rafael Correa classificou a ação como uma tentativa de golpe de Estado.Correa disse ainda que estava sendo feito refém no hospital militar para onde foi levado, após ter sido alvejado com bombas de gás lacrimogêneo e uma garrafa pelos rebeldes, em Quito.

O suposto sequestro também foi denunciado pelo chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, e pe­­lo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que falou com Correa por telefone.

À rádio pública, por telefone, Correa fez um apelo dramático: "Não vou retroceder. Se querem, venham me buscar aqui. Atirem em mim, e que viva a República’’.

"Matarão a mim, mas como dizia Neruda, poderão cortar as flores, mas não impedirão a chegada da primavera’’, continuou. Em seguida, denunciou uma suposta perseguição nos corredores do próprio hospital.

Até o fechamento desta edição, ele continuava no hospital. Po­­rém, sua situação – se era refém ou não – não estava clara.

Bônus

A rebelião teve início pela manhã, quando policiais tomaram um regimento na capital. O motivo alegado foi a ratificação, na véspera, de uma lei que acaba com o pagamento de bônus por condecoração a oficiais da polícia e das Forças Armadas.

Os rebelados exigiam ainda a destituição do comando da força de 20 mil homens, que é subordinada ao Ministério de Governo (equi­­valente à Casa Civil brasileira).

Em horas, os rebeldes haviam ateado fogo em pneus e erguido barricadas em Quito, Guayaquil e outras cidades.

Ainda pela manhã, Correa foi ao encontro de um grupo de manifestantes e tentou estabelecer um diálogo, mas foi hostilizado, so­­frendo ofensas verbais e sendo alvo das bombas de gás que o levariam ao hospital.

Os protestos foram engrossados por militares dissidentes. Mas o chefe das Forças Armadas, Er­­nesto González, garantiu lealdade a Correa. "Estamos sob um Estado de direito. Somos leais à máxima autoridade, que é o presidente’’, afirmou González.

O presidente do Conselho Na­­cional Eleitoral, Omar Simon, também garantiu respaldo a Cor­­rea e afirmou falar em nome ainda da Corte Nacional de Justiça, da Assembleia Nacional e da Procura­­doria-Geral.

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