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Amã (AFP) – Mesmo com o assassinato de dois colegas, as ameaças de morte, as reticências em relação ao Alto Tribunal Penal, os advogados de Saddam Hussein continuam determinados a defender o ex-presidente. "Jamais abandonaremos o presidente Saddam Hussein", afirmou Issam Ghazzawi, porta-voz da equipe de defesa, com sede em Amã.

"O advogado iraquiano de Saddam Hussein, Jalil Al Dulaimi, estará presente nesta segunda-feira, no reinício do processo judicial, apesar de até o momento não termos recebido qualquer garantia de segurança", declarou Ghazzawi. Em novembro, depois do assassinato de dois advogados da equipe de Saddam Hussein e de ameaças de morte diárias, a defesa denunciou as deficiências em termos de segurança e anunciou o boicote da etapa seguinte do processo. Segundo Ghazzawi, Dulaimi e os outros advogados são ameaçados de morte constantemente. "Disseram para Jalil: ‘Vamos te matar. Defender o presidente custará a vida de tua família’". "As ameaças são sérias, mas a causa é mais importante. Iremos ao tribunal nesta segunda-feira", assegurou. "Prosseguiremos com o processo se nos derem ou não proteção", enfatizou Ghazzawi. "Não abandonaremos o presidente".

Idêntica determinação é demonstrada por parte de Ziad Najdawi, outro membro da defesa. "Em princípio, sim. Os advogados da defesa estarão nesta segunda-feira no tribunal. Não vamos permitir que o regime elitista do Iraque consiga seus objetivos", afirmou. "A segurança deve ser garantida a todos, de igual maneira: testemunhas, advogados, juízes, promotores. Mas nada disso existe. Vivemos com medo". Ghazzawi insistiu junto às autoridades que os advogados de defesa tenham proteção. Em 21 de outubro passado, Saadun Janabi, advogado de Awad Ahmed Al Bandar, adjunto do chefe do gabinete de Saddam Hussein, foi achado morto com um tiro na cabeça, uma hora depois de ter sido seqüestrado. Em 8 de novembro, as autoridades iraquianas anunciaram que uma oferta de proteção policial foi rejeitada pelos advogados. No dia seguinte, Adel Mohammad Abbas, advogado de Taha Yassin Ramadan, ex-vice-presidente, foi assassinado por homens armados que também feriram Tamer Hammud Hadi, advogado de Barzan Al Tikriti, meio-irmão de Saddam.

Proteção

Um funcionário americano ligado ao tribunal disse que medidas de proteção foram propostas aos advogados e que a maioria aceitou a oferta. Estas medidas e as garantias americanas de uma participação na investigação dos assassinatos levaram os advogados a assistir a audiência que recomeça hoje. Outras fontes próximas ao tribunal indicaram que certos advogados têm autorização para andar com seus próprios guarda-costas, pagos pelo tribunal, para que não estejam associados com as forças estrangeiras ou iraquianas.

Além da segurança, Ghazzawi criticou o tribunal, constituído em 2003 pela administração americana, e considerado "nulo e sem valor" pela equipe de defesa. "Queremos conhecer os protagonistas deste tribunal, suas competências e se o direito se aplica", indicou. Segundo Ghazzawi, na primeira audiência o promotor "teve um discurso político que não tinha a ver".

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