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Mais de 30 anos depois de começar a buscar reparações pelos 444 dias em cativeiro na Embaixada dos EUA em Teerã, de 1979 a 1981, os americanos que trabalhavam no local durante a Revolução Islâmica enfim conseguiram receber compensações. Na última lei de gastos aprovada no Congresso, parlamentares liberaram US$ 4,4 milhões para cada um dos 53 reféns ou suas famílias. O mesmo valeu para vítimas de outros atentados considerados apoiados por governos estrangeiros, como os atentados a bomba às embaixadas no Quênia e na Tanzânia, em 1998. A lei dá fim ao drama que chocou os EUA e fez o país romper laços com o Irã.

”Tive que parar no acostamento e simplesmente comecei a chorar quando soube da notícia”, disse ao New York Times, Rodney Sickmann, que era fuzileiro naval e trabalhava como guarda na embaixada em Teerã, quando foi detido junto com os outros americanos por uma multidão enfurecida que invadiu o local em 4 de novembro de 1979. “Foram 36 anos, um mês e 14 dias até que o Irã fosse responsabilizado”.

A lei autoriza pagamentos de até US$ 10 mil por dia de cativeiro para cada um dos 53 reféns — 37 dos quais ainda estão vivos. É o fim de uma briga que se intensificou com o acordo que permitiu a soltura dos reféns, em janeiro de 1981 — que proibia os reféns de buscar compensação. Apelos foram repetidamente barrados por tribunais, inclusive a Suprema Corte.

Os primeiros sinais de uma mudança surgiram quando uma decisão judicial forçou o banco francês BNP Paribas a pagar US$ 9 bilhões por violar sanções contra Irã, Sudão e Cuba, três países que até então estavam na lista de apoiadores do terrorismo.

‘Fomos jogados no perigo’

Alguns dos reféns foram torturados física e psicologicamente no cativeiro, e tratam o “degelo nuclear” com o Irã como “frustrante e prematuro”. Foi assim que o principal advogado do grupo, V. Thomas Lankford, abordou a lei com seus clientes.

”Ficou claro que fomos ligados indissociavelmente às negociações nucleares. Por mais valiosa que seja a contenção da proliferação de armas nucleares, é igualmente importante estabelecer o precedente de que, de uma forma ou outra, um país apoiador do terrorismo não poderá sair impune”, avaliou.

Muitos dos reféns tratam as reparações como tardias. Dizem que ficaram esquecidas até o lançamento de “Argo”, o filme dirigido por Ben Affleck que foca nos seis funcionários que escaparam da embaixada e conseguiram refúgio na casa do embaixador canadense, Ken Taylor.

Alguns alertam para o risco que alguns viveram trabalhando em representações pelo mundo, como no caso do embaixador americano na Líbia Christopher Stevens, morto em 2012 num ataque ao consulado em Benghazi.

“Sempre forçamos pelo cumprimento da promessa da reparação, mas sempre ficávamos de fora. Foi um passeio épico de montanha russa. Fomos jogados no perigo pelo governo e ninguém parecia querer fazer nada”, diz David Roedes, ex-coronel da Força Aérea que esteve entre os reféns.

Os esforços no Congresso tiveram alguns líderes, como o chefe da minoria democrata no Senado, Harry Reid.

“Estes americanos mereciam finalmente ser compensados pelos horrores que passaram”, disse em comunicado.

Sickmann preferia que o Irã pagasse a compensação, como a Líbia fez pelas vítimas da explosão no voo 103 da Pan Am na Escócia, em 1988.

“Não acho que irão se desculpar, jamais. Não acreditam que fizeram algo errado”

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