Candidata
Na Espanha, menina se prepara
Preparando-se para reinar um dia, a infanta Leonor de Todos los Santos de Borbón Ortiz, com quase 6 anos (faz aniversário dia 31) já conquistou a preferência dos espanhóis entre os oito netos do rei Juan Carlos, segundo uma pesquisa do "La Razón". Seu pai, o príncipe Felipe, ocupará o trono do avô da menina, e ela, se não ganhar nenhum irmãozinho, deverá ser, um dia, a chefe de Estado. Na Espanha, ainda permanece a prevalência do homem sobre a mulher na sucessão da coroa, embora exista a intenção de mudar as regras deste jogo. A reforma constitucional, que garantiria o reinado de Leonor caso os príncipes Felipe e Letizia tenham um filho homem, é, no entanto, um projeto engavetado.
O debate, que aflorou com o nascimento de Leonor e voltou a ferver quando Letizia ficou grávida pela segunda vez, foi ressuscitado ontem nas mesas redondas radiofônicas como consequência do fim da discriminação por gênero no acesso ao trono britânico.
Agência O Globo
Faz apenas seis meses que William e Kate Middleton subiram ao altar, mas o efeito modernizante que o casamento teve parece não ter parado no fato de o príncipe desposar uma plebeia: líderes da Comunidade Britânica aprovaram ontem a proposta do premier David Cameron de acabar com a discriminação de gênero na sucessão ao trono britânico. A decisão, anunciada no encontro em Perth, Austrália, significa que, caso William e Kate tenham uma filha como primogênita, ela não perderá o direito à coroa para seus irmãos.
A mudança, aprovada por unanimidade pelos 16 países que reconhecem o monarca britânico como chefe de Estado, põe fim a mais de 300 anos de situações em que mesmo a primogenitura não era garantia para a coroação de mulheres. Elizabeth II, por exemplo, só assumiu o posto porque seu pai, George VI, teve apenas filhas. O fim da discriminação de gênero tira também o Reino Unido de uma lista minoritária de monarquias europeias que ainda aderem ao machismo Mônaco e Espanha são as únicas que conservam o direito automático masculino. "A ideia de que um filho mais jovem tome o lugar de uma irmã mais velha só porque é homem não condiz com os países modernos que nos tornamos", disse Cameron.
Religião
Também foi anunciado o fim da proibição para ocupantes do trono se casarem com católicos, um anacronismo das guerras religiosas que marcaram a monarquia britânica desde o século 16, quando Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica e criou a Anglicana e que não se estende ao judaísmo e ao islamismo.
Os católicos formam menos de 10% da população britânica, mas conversões célebres como a do ex-premier Tony Blair ajudaram a pressionar o fim do veto.
No entanto, o fato de o monarca britânico ser também o líder simbólico da fé anglicana ainda proíbe a ascensão de católicos ao trono o último ocupante foi Jaime II, deposto por um golpe protestante em 1688 , o que explica a ausência de propostas mais ambiciosas para a minoria. Nem todo mundo, porém, concordou: o premier escocês, Alex Salmond, reclamou do que chamou de oportunidade perdida.
"É decepcionante que católicos ainda não tenham direitos à sucessão. Tínhamos a chance de assegurar uma igualdade religiosa. Certamente é possível encontrar mecanismos que protejam o status da Igreja Anglicana sem que essa barreira injustificável continue a existir", afirmou.
Futuro
A nova legislação, porém, só começa a valer a partir de William e Kate, cuja entrada na família real já tinha sido estrondosa por ser a primeira plebeia em mais de 300 anos.
O fim da discriminação de gênero, porém, não é retroativo. Isso significa, por exemplo, que a princesa Anne, a única filha de Elizabeth II, continua atrás dos irmãos mais novos, Andrew e Edward, na linha de sucessão, bem como de seus filhos em vez de quarta na fila, ela hoje é a décima.
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