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Desenho de como seria o lançamento de microdrones CICADA, um projeto do Departamento de Defesa dos EUA | Reprodução/U.S. Naval Research Laboratory
Desenho de como seria o lançamento de microdrones CICADA, um projeto do Departamento de Defesa dos EUA| Foto: Reprodução/U.S. Naval Research Laboratory

Enxames de pequenos drones de ataque que confundem e sobrecarregam as defesas antiaéreas podem em breve tornar-se uma parte importante do arsenal militar moderno, disse o secretário de Defesa do Reino Unido, algo que marcaria uma grande evolução nas guerras travadas por robôs.

Falando no instituto de pesquisas Royal United Services Institute, com sede em Londres, o secretário de Defesa britânico Gavin Williamson disse que o Reino Unido financiará o desenvolvimento de "esquadrões de drones habilitados para redes capazes de confundir e dominar as defesas aéreas inimigas", observando que tais veículos complementariam a frota britânica de caças F-35 Joint Strike Fighters.

Ele pareceu confirmar o que alguns especialistas militares dizem há anos: a tecnologia para permitir enxames sincronizados de drones está disponível e os líderes militares estão começando a adotar a ideia de incorporá-los em suas operações.

As empresas de tecnologia demonstraram que podem organizar enxames de drones para shows de luzes complexos e outras atividades chamativas. E alguns testes de sistemas amplamente divulgados nos Estados Unidos mostraram como os militares podem adaptar esse conceito para seu próprio uso.

"Essa ideia que já foi ficção científica e heresia está presente no discurso e é cada vez mais aceita", disse Peter Singer, pesquisador sênior da New America Foundation, que estuda o futuro da guerra.

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Williamson inicialmente disse que esses sistemas seriam implantados "até o final do ano", uma meta que, segundo os especialistas, é irrealista. Posteriormente, o Ministério da Defesa relembrou o cronograma, dizendo à publicação especializada UK Journal of Defense que a tecnologia "será desenvolvida ao longo de um programa de três anos".

Paul Scharre, um membro sênior do Centro de Nova Segurança Americana, disse que o plano de Williamson colocará a Grã-Bretanha na linha de frente da integração de enxames de drones em operações militares se as autoridades seguirem adiante.

"Tem havido muita experimentação, mas até hoje os EUA não evoluíram na construção de uma capacidade dos drone em poder derrubar defesas aéreas", disse Scharre. "O que acaba tendo o maior financiamento são as aeronaves habitadas por humanos".

O que já foi testado

Os militares dos EUA vêm explorando diferentes iterações e usos do conceito de enxames de drones há mais de uma década, usando programas de pesquisa com nomes como Cicada, Gremlins e Valkyrie.

Desde 2006, o Laboratório de Pesquisa Naval mantém um programa exploratório de pesquisa e desenvolvimento chamado Close-in Covert Autonomous Disposable Aircraft, ou 'CICADA'. Ele prevê minúsculas aeronaves descartáveis que devem ser implantadas em grande número para "semear" áreas com pequenos sensores eletrônicos, algo que poderia permitir a vigilância militar de áreas densas da floresta sem enviar um piloto humano para o território inimigo.

O programa experimental chamado Gremlins está procurando uma maneira de lançar pequenos drones a jato do avião de carga C-130 e recuperá-los mais tarde, efetivamente transformando o avião em um porta-aviões voador.

Alguns desses esforços estão começando a dar frutos.

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Em um teste de sistemas de 2016 que o Pentágono chamou de "um dos testes mais significativos de sistemas autônomos em desenvolvimento pelo Departamento de Defesa", um enxame de mais de cem microdrones saiu da barriga do caça F/A Super Hornet e voou em conjunto, de acordo com um comunicado de imprensa do Departamento de Defesa, acompanhando de um vídeo.

Dr. Will Roper, que agora é Secretário Assistente da Força Aérea, descreveu esse enxame em janeiro de 2017 como "um organismo coletivo, compartilhando um cérebro distribuído para a tomada de decisões e adaptando-se uns aos outros como enxames na natureza".

Pelo menos uma empresa do setor de defesa está investindo em aeronaves autônomas que colaborariam com jatos de combate tripulados. A Kratos Defense and Security Solutions produz duas classes de drones a jato, chamados de UTAP-22 Mako e XQ-222 Valkyrie, que são construídos para esse fim, segundo os executivos da empresa. A companhia recebeu financiamento para pesquisa do Laboratório de Pesquisa da Força Aérea e da Unidade de Inovação em Defesa do Pentágono para desenvolvê-los.

Controle

Líderes militares americanos afirmaram que qualquer arma que use inteligência artificial terá que ter humanos "dentro ou fora do circuito", o que significa que os robôs de combate poderiam navegar e selecionar alvos por conta própria, mas exigiriam que um humano puxasse o gatilho.

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Mesmo assim, especialistas que estudam o futuro da guerra dizem que drones individuais dentro do enxame teriam que ser parcial ou totalmente autônomos, algo com que as autoridades talvez não se sintam confortáveis.

"A ideia do enxame lhe leva inerentemente à autonomia", disse Singer, bolsista da New America Foundation. "A ideia de um enxame não é só porque são muitos deles, mas muitos deles trabalham juntos, compartilhando informações através do enxame."

Enquanto a Força Aérea tem muita experiência operando drones Predator e Reaper controlados remotamente, empregar enxames de drones significaria descobrir como um único humano poderia comandar massas de robôs e ainda ter um grau de controle sobre eles.

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