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Juliette De Rivero, representante do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), apresenta em Bogotá relatório anual sobre a Colômbia
Juliette De Rivero, representante do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), apresenta em Bogotá relatório anual sobre a Colômbia| Foto: EFE/Mauricio Dueñas Castañeda

A violência aumentou na Colômbia em 2022, ano em que pelo menos 92 massacres foram verificados no país e 116 ativistas dos direitos humanos foram mortos, divulgou nesta sexta-feira (3) o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) no relatório anual sobre o país.

A representante deste gabinete na Colômbia, Juliette De Rivero, afirmou em entrevista coletiva em Bogotá que 321 pessoas foram mortas nos 92 massacres verificados.

“A situação continua muito grave nos territórios”, lamentou De Rivero, acrescentando que as comunidades na Colômbia continuam enfrentando “muitas dificuldades e muita violência”.

Os números de deslocamentos forçados e confinamentos também aumentaram em relação ao ano anterior, com 82.862 pessoas deslocadas em 2022 (quase 19% delas menores de idade) e 102.395 confinadas, em comparação com 73.974 deslocados e 65.685 confinados em 2021.

Em 2022, houve também um “aumento significativo” de homicídios contra membros das Juntas de Ação Comunitária, particularmente em Arauca, Bolívar e Putumayo.

Do número total de homicídios de ativistas em 2022, 45% correspondiam a membros das Juntas de Ação Comunitária, o que significa que houve um salto de 13 casos em 2021 para 52 no ano seguinte.

Quanto aos signatários da paz, a Missão de Verificação da ONU na Colômbia verificou 50 homicídios de ex-combatentes, elevando para 355 o número total desde a assinatura do acordo de paz em 2016.

O relatório destaca ainda que no ano passado, 103 membros das forças de segurança foram mortos por organizações criminosas e grupos armados, e que foram recebidas 71 denúncias de privações à vida arbitrárias supostamente cometidas pela polícia e pelas forças militares, das quais considera que em 41 casos não foi cometida nenhuma violação.

Neste contexto, De Rivero recomendou uma “reforma completa” da Unidade Nacional de Proteção.

O relatório deplora também “a violência sexual e de gênero, que é utilizada como instrumento de guerra”, assim como o recrutamento de menores de idade.

A entidade recebeu informações sobre o envolvimento de grupos armados não estatais na transferência de mulheres para territórios nos departamentos de Chocó e Nariño, com o risco de possível tráfico para exploração sexual, incluindo de meninas.

Além disso, em alguns casos, os grupos estão supostamente selecionando e transferindo as mulheres diretamente.

Em 2022, eram conhecidos 115 casos de crianças e adolescentes recrutados por grupos armados não estatais. Destes, 20 foram mortos (11 meninas e nove meninos) e 12 meninas teriam sido vítimas de violência sexual. De Rivero, contudo, alertou para a “subnotificação” destas violações e abusos.

Nesta linha, mencionou a necessidade de “implementar as recomendações do relatório final da Comissão da Verdade, apresentado em junho de 2022”.

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