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A vitória da Aliança das Forças Nacionais, representada pelo ex-primeiro-ministro interino líbio Mahmoud Jibril, confirmada nesta terça-feira (17) pela comissão eleitoral da Líbia, mostra a força de uma coalizão liberal e secular na primeira votação da nação em décadas.

Com 39 assentos, a aliança liberal ficou em primeiro lugar, na frente da Irmandade Muçulmana, representada pelo Partido da Justiça e da Construção, em segundo lugar com 17 cadeiras. O resultado é um revés para os grupos islamistas, que haviam colhido triunfos políticos no Egito e na Tunísia, outros dois países da Primavera Árabe, mas ainda não é suficiente para definir o futuro governo.

Além de apontar um novo primeiro-ministro, o Legislativo eleito será encarregado de formar a comissão que redigirá a Constituição. Com base no novo texto, outra eleição, possivelmente dentro de um ano, será realizada. Jibril - político bem visto pelos países do Ocidente e ex-ministro de Kadafi - encabeçou o governo de transição durante a rebelião contra o ditador. Ele rejeita as etiquetas de adepto do laicismo e liberal atribuídas a seu partido e, na semana passada, antecipando a necessidade de buscar alianças, ressaltou seu compromisso com os princípios muçulmanos.

Os islamistas, no entanto, não parecem dispostos a se aliar ao ex-premier. Nos últimos dias, realizaram reuniões com forças independentes sem a presença da Aliança Nacional de Forças.

"Jibril acredita que a sharia (lei islâmica) só pode influir em certos âmbitos da vida e, nesse sentido, é como (o ex-ditador Muamar) Kadafi. Mas o Islã não permite escolher e, sendo assim, o governo deve reforçar a presença do Islã em todos os sentidos", afirmou Mohamed Sawan líder do Partido de Construção e Justiça.

O processo de formação de governo ainda pode demorar. Será aberto um período de cinco dias para apelações e de outros 15 para que a Justiça as analise. Só então o resultado final será ratificado.

Eleição histórica acaba em morte

Nove meses depois da morte do ditador Muamar Kadafi, que se agarrou ao poder durante 42 anos até ser assassinado por rebeldes, a população votou, no início do mês, para eleger os 200 integrantes do Parlamento. De acordo com a comissão eleitoral, 1,7 milhão de líbios, cerca de 62% dos quase 3 milhões de eleitores registrados, compareceram às urnas no último dia 7.

Durante a votação, um homem que tentou roubar uma urna foi morto por forças de segurança em Ajdabiya, no leste do país; e outros dois rebeldes foram feridos. Na estratégica cidade portuária de Ras Lanuf, houve relatos de milicianos armados impedindo o trânsito de eleitores. Apesar dos transtornos, as autoridades líbias informaram que 98% das seções eleitorais em todo país funcionaram pelo menos durante algumas horas.

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