Prefeitura de Túnis, na Tunísia. Primeiras eleições democráticas aconteceram no país neste fim-de-semana| Foto: AFP PHOTO / LIONEL BONAVENTURE

Os islamistas moderados afirmaram nesta segunda-feira que seu partido Ennahda parecia estar à frente na primeira eleição livre da Tunísia desde o levante, no final do ano passado, que iniciou as revoltas da Primavera Árabe, indicando uma mudança num país conhecido por seu secularismo.

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Segundo membros do Ehnanda, os primeiros resultados parciais teriam indicado 40% dos votos para a legenda, o que poderia inclusive levar o partido a alcançar a maioria das 217 cadeiras da Assembleia Constituinte. O resultado oficial, entretanto, só será divulgado nesta terça-feira.

"Os resultados são muito bons para o Ennahda. Não queremos dar detalhes, mas está claro que o Ennahda desfrutou de um nível de sucesso que, em alguns casos, iguala os resultados da votação no exterior", disse Abdelhamid Jlazzi, chefe da campanha islamista.

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Na cidade de Sfax, a segunda maior do país, a contagem de votos já acabou, e o Ehnanda teria ficado com 43% dos votos. Em outras cidades do litoral, como Sousa, a legenda teria obtido maioria absoluta.

As previsões de vitória do Ennahda, entretanto, preocupam os secularistas e podem ser um indício de que tipo de modelo político devem emergir dos países que passaram pela Primavera Árabe, como Egito e Líbia.

O próprio líder do partido islamista, Rachid Ghannouchi, que viveu 22 anos exilado na Inglaterra, teve neste domingo uma pequena demostração da oposição que deve enfrentar. Após votar, acompanhado da filha e da mulher ambas vestindo o véu islâmico, Ghannouchi foi recebido com gritos de "você é um terrorista e assassino. Volta para Londres!".Tunisianos comparecem às urnas em massa

Nesta segunda-feira, a imprensa local era só elogios às primeiras eleições após a queda do ditador Zine el Abidine Ben Ali, em janeiro passado. Segundo autoridades tunisianas, 90% dos registrados votaram neste domingo, um índice muito alto para um país onde o voto é facultativo.

Observadores internacionais não registraram nenhuma falha no pleito. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, elogiou a Tunísia pela eleição e exprimiu esperança de que o processo termine de forma tranquila. O presidente dos Estados Unidos Barack Obama também comentou as eleições, afirmando que a revolução da Tunísia havia "mudado o curso da história".

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"Assim como tantos cidadãos tunisianos protestaram pacificamente nas ruas e praças para reclamar seus direitos, hoje (neste domingo) eles ficam em filas e depositam seus votos para determinar o próprio futuro", disse em comunicado divulgado pela Casa Branca.

Os protestos na Tunísia contra o então ditador Ben Ali começaram em dezembro, após o comerciante Mohamed Bouazizi, de 26 anos, se imolar em protesto contra sua situação precária. Durante cerca um mês, tunisianos foram às ruas pedir o fim do regime de Ben Ali, que deixou o poder em janeiro deste ano, transformando-se no primeiro líder a ser derrubado pela chamada Primavera Árabe.

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