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Seis potências mundiais vão avaliar novas estratégias para o Irã diante da aparente disposição da República Islâmica em negociar com a Europa, o que pode afastar a ameaça americana de sanções ao país.

O chefe da política externa da União Européia (UE), Javier Solana, e o principal negociador iraniano, Ali Larijani, disseram ter feito progressos nas reuniões destinadas a criar as bases para uma negociação formal sobre o programa nuclear iraniano.

Um diplomata europeu disse que, durante as sete horas de conversas no fim de semana em Viena, Larijani ofereceu uma suspensão de dois meses no enriquecimento de urânio. Uma autoridade iraniana, porém, negou que a oferta tenha ocorrido.

Os ministros de Relações Exteriores de EUA, França, Grã-Bretanha, Rússia, China e Alemanha devem discutir por telefone, nesta segunda-feira, qual será seu procedimento.

O Ocidente exige que o Irã suspenda o enriquecimento nuclear para começar a negociar. Teerã vem rejeitando essa precondição e nega a intenção de desenvolver armas nucleares, como acusam principalmente os Estados Unidos.

Mohamed El Baradei, diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), disse torcer para que negociações formais comecem em breve, mas afirmou que a paciência está se esgotando.

- Estou animado por haver um diálogo em andamento entre o Irã, a UE e outras partes, para criar as condições para que as partes voltem às negociações -disse ele.

Segundo diplomatas, El Baradei teme que o Irã proíba as inspeções da AIEA caso sofra sanções da ONU.

El Baradei disse que informará à direção da AIEA que o Irã não está atendendo plenamente aos apelos da agência para esclarecer detalhes do seu programa nuclear.

-A oportunidade não será muito longa. A comunidade internacional está preocupada com a desobediência iraniana à direção e às exigências do Conselho de Segurança - afirmou.

Solana e Larijani disseram que devem voltar a se reunir, possivelmente na próxima quinta-feira, o que põe em dúvida o cronograma dos EUA para começar a discutir sanções econômicas ao Irã no Conselho de Segurança, ainda nesta semana.

A Casa Branca disse que o governo dos EUA está "tentando avaliar qual é a posição iraniana" e conversando com Solana e outros.

- Houve momentos em que Larijani e a chancelaria falaram a diferentes vozes - disse o porta-voz Tony Snow.

Os países da UE também desconfiam das intenções nucleares do Irã, mas temem que a adoção de sanções acabe afastando ainda mais o país, que tem grande importância econômica e estratégica no Oriente Médio. Por isso, muitos europeus preferem algum tipo de acordo que leve Teerã a suspender o enriquecimento enquanto são discutidas recompensas ao país por essa mudança.

Em um recente relatório, El Baradei disse que o Irã está prejudicando o acesso regular de inspetores da AIEA às instalações nucleares do país.

Após protestos da AIEA, o Irã prometeu retomar até domingo passado a emissão de vistos para os inspetores, que desde o final de julho eram barrados no país, segundo diplomatas em Viena.

O relatório acusava o Irã de "pôr o dedo no olho" dos países do Conselho de Segurança, como descreveu um diplomata, ao levar adiante seu programa-piloto de enriquecimento nuclear e ao dificultar o trabalho da AIEA.

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