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Perfuradora T-130 deixou ontem a área onde está a mina  San José,  em Copiapó. Centenas aguardam o início da operação de resgate | Ariel Marinkovic / AFP
Perfuradora T-130 deixou ontem a área onde está a mina San José, em Copiapó. Centenas aguardam o início da operação de resgate| Foto: Ariel Marinkovic / AFP

Produção local

História dos mineiros deve virar filme

Da Redação, com agências

Uma história de cinema, claro, vira cinema. O drama dos 33 mineiros presos a 700 metros de profundidade ganhará as telas em breve, e já tem título e cartaz provisório: "Los 33", de acordo com o diretor Rodrigo Ortúzar. O pôster de divulgação mostra um mineiro caminhando dentro de um túnel, com uma luz ao fundo.

O cineasta afirma que o filme será "uma mistura de ficção e imagens já gravadas" por emissoras de tevê que acompanham o desenrolar dos fatos, e também por material filmado por sua equipe.

"Minha ideia é fazer uma história que esteja focada no soterramento e, ao mesmo tempo, no renascimento dos mineiros quando eles voltarem à superfície", avalia.

Ortúzar antecipa que a produção irá se chamar "Los 33". Este é quase um número cabalístico: eram 33 os caracteres da mensagem que emergiu das profundidades da mina para alertar que os 33 homens estavam vivos.

O filme também terá uma duração de 1 hora e 33 minutos.

É bastante comum o uso de histórias de tragédias reais em filmes. Em 1993, o filme norte-americano "Vivos", dirigido por Frank Marshall, contou a história do grupo de sobreviventes de um acidente aéreo nos Andes, de 1972. A equipe de rúgbi do Uruguai que, viajava ao Chile para disputar uma partida, ficou perdida em meio à Cordilheira dos Andes. Dos 45 passageiros sobreviveram 16.

  • Veja como será o resgate

Em entrevista coletiva ontem, o ministro da Saúde chileno, Jaime Mañalich, seu colega da pasta da Mineração, Laurence Golborne, e o chefe das operações de resgate, André Sougarret, explicaram detalhes e riscos da operação de resgate dos 33 mineiros isolados há 67 dias na mina San José (norte do Chile) – marcada para ao longo da madrugada de quarta-feira, mas que pode ser antecipada. O ministro da Saúde informou que o estado dos 33 trabalhadores segue estável. "Não há novidades quanto à saúde deles, todos estão bem." A coletiva das três figuras principais nas operações de resgate começou algumas horas depois de ter sido feito o anúncio de que o revestimento de aço dos primeiros 90 metros do túnel pelo qual os 33 mineiros chilenos devem ser resgatados foi concluído nas primeiras horas de ontem.

Otimista, o ministro da Mine­ração, Laurence Golborne, disse que todos os testes com a cápsula Fênix 1 já foram finalizados, e após a descida do dispositivo até 610 metros – dos 622 necessários para alcançar os mineiros – foi possível determinar que não há riscos de desabamento durante a subida dos trabalhadores à superfície. Caso aconteça qualquer problema com a primeira cápsula, as equipes têm de prontidão outros dois dispositivos, a Fênix 2 e a Fênix 3.

Riscos da subida

Para Jaime Mañalich, da pasta da Saúde, a maior parte do trabalho será feita para preparar os mineiros antes da subida. O ministro da Saúde informou que os mineiros deverão começar uma dieta líquida cerca de seis horas antes do início dos trabalhos. "Será uma dieta com muitas calorias e suplementos de magnésio e fósforo".

O trio que lidera todas as operações de resgate informaram que quatro socorristas descerão para auxiliar na preparação dos mineiros. São eles: um especialista em resgate em minas, dois enfermeiros e um mineiro.

Além da sensação de claustrofobia devido ao tamanho da cápsula, as autoridades temem que os mineiros possam vir a sentir, durante a operação de subida, pânico, náuseas, embolia pulmonar, vômitos, desmaios, problemas com a mudança de temperatura, dos 30º C no interior da mina para 1º ou 2º C na superfície.

Outra preocupação é que a subida dos mineiros será feita sob condições de vibração constante, que incluem choques com as paredes de rocha viva e a decorrente produção de faíscas. O grupo só saberá quem será o primeiro da equipe de resgate a descer horas antes do início da operação, para minimizar o estresse e a tensão, indicaram os ministros.

Operação inspira atos de fé em todo o mundo

Nos dias de isolamento na mina desabada, os trabalhadores chilenos estimularam manifestações de fé dentro e fora do refúgio. Houve missas na superfície, missas dentro da mina, imagens de santos por todos os lados, além de mensagens de fé enviadas de todo o mundo via internet.

O mais alto representante da Igreja Católica, o pontífice Bento XVI, fez orações pedindo a salvação dos 33 mineiros – 32 chilenos e um boliviano – presos por mais de dois meses a mais de 600 metros de profundidade.

"Não me esqueço dos mineiros da região do Atacama e seus entes queridos, por quem rezo fervorosamente", disse o Papa, ao receber o novo embaixador do Chile no Vaticano, Fernando Zegers Santa Cruz, 78, na última quinta-feira.

Em discurso feito em espanhol, o Papa ressaltou que o Chile "ainda que esteja distante geograficamente daqui, levo-o dentro do meu coração".

Na última sexta-feira, o Papa ganhou uma bandeira do Chile assinada pelos mineiros, confirmou a embaixada chilena no Vaticano. Foi um agradecimento, pelos 33 rosários benzidos que Bento XVI enviou aos mineiros no começo de setembro.

Em 2 setembro, mesmo dia em que os mineiros receberam os rosários abençoados, o arcebispo de Santiago, o cardeal Francisco Javier Errázuriz, celebrou uma missa em pleno deserto do Atacama para os familiares e amigos dos mineiros.

No mesmo dia, a mina recebeu a visita do padre irlandês Donald O’Keeffe junto com sua congregação, os Legionários de Cristo, trazendo 33 retábulos da Virgem de Guadalupe – um para cada família dos mineiros presos.

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