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O primeiro-ministro e ex-presidente russo,Vladimir Putin: principal imagem do governo centralizador de Moscou | Segei Karpukhin
O primeiro-ministro e ex-presidente russo,Vladimir Putin: principal imagem do governo centralizador de Moscou| Foto: Segei Karpukhin

Separatismo remonta ao século 18

Boa parte dos conflitos existentes hoje no Cáucaso tem origem longínqua, no século 18, reforçados por divisões territoriais feitas pelos soviéticos. "Foi como um jogo de bonecas russas: um povo se encaixou dentro do território do outro", diz o professor da UFRGS, Raúl Rojo.

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Kremlin confirma assinatura de trégua

Um dia depois de o presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, assinar um acordo de cessar-fogo, o Kremlin informou que o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, também assinou o documento que tem por objetivo colocar fim aos combates sobre a região separatista da Ossétia do Sul.

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Os ecos da Guerra Fria

A ofensiva russa na região do Cáucaso é uma volta às políticas da defunta União Soviética por delimitações de áreas de influência. Embora a Guerra Fria tenha findado em 1991, o atual conflito entre Rússia e Geórgia resulta de resquícios daquele período. A origem está na implosão soviética e na independência da Geórgia, que não permitiu o desmembramento de seu território para que a Ossétia da Sul permanecesse na Rússia.

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  • Saiba onde fica a Geórgia

A exagerada intervenção da Rússia no conflito entre a Geórgia e separatistas – apoiados pelo gigante do Norte – mostrou o quanto o antigo império almeja ser muito mais do que um "país emergente". A Federação Russa, o "R" da sigla BRIC, em que faz companhia aos outros três principais países em desenvolvimento (Brasil, Índia e China), está recheada de petrodólares e busca retomar a influência perdida no Cáucaso após a implosão da União Soviética, em 1991.

Para analistas, essa intenção já havia sido explicitada pelo primeiro-ministro, Vladimir Putin, em discurso ao Parlamento russo em outubro passado, quando ainda era presidente. "Ele chamou a atenção para o cinturão de segurança que está se montando em torno da Rússia e disse que não o toleraria", diz o sociólogo argentino Raúl Enrique Rojo, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). "O que aconteceu nesta semana no Cáucaso é um pouco desta ‘doutrina Putin’ colocada em prática."

No início do ano, esse discurso de Putin novamente deu sinal de vida na forte reação do país contra a instalação de um escudo antimísseis norte-americano na Polônia, na época apenas em estudo. O acordo foi finalmente pré-firmado na última quinta-feira. Mais uma vez, o Kremlin reagiu duramente. Como "castigo" a Varsóvia, um general do alto escalão russo disse que a Polônia se tornou vulnerável a ataques nucleares.

Falar grosso é algo valorizado na Rússia. "Eles valorizam um governo forte, centralizador, e Putin é o nome forte desta era", diz o professor de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRGN), Jair Diniz Miguel.

Para o russo Alexander Zhebit, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Putin e o atual presidente, Dmitri Medvedev, agiram em legítima defesa. "Não sei se há um grande plano por trás, mas como você reagiria se seus cidadãos estivessem sendo assassinados?", questiona, referindo-se ao fato de muitos sul-ossetianos possuírem passaporte russo.

Reação

A conseqüência da "marcação de presença" russa no Cáucaso foi drástica. No saldo ainda não oficial, 2 mil pessoas morreram e 100 mil foram deslocadas.

Politicamente, a repercussão é incerta. A maior potência militar do mundo, os Estados Unidos, teme que esta seja a ponta de um iceberg mais hostil do que se imaginava contra aliados da união de potências militares, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

O candidato republicano à Casa Branca, John McCain, defendeu uma resolução das Nações Unidas (ONU) condenando a Rússia – mas, nesse caso, seria provável o veto da própria acusada, que é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.

O pior movimento seria expulsar a Rússia do G8 (grupo dos sete países mais ricos e a Rússia), escreveu o editor do jornal inglês The Independent, Adrian Hamilton. "O G8 é uma associação que objetiva melhorar o funcionamento da economia internacional. Nunca essa cooperação foi tão necessária." A principal carta na manga russa, que poderia afastar qualquer retaliação mais séria, são suas reservas de gás e petróleo, que abastecem boa parte da Europa.

Outra passa pela campo militar. "A Rússia é uma potência nuclear e tem seus mísseis apontados para a Europa", diz o professor Diniz Miguel.

Quem tem mais a temer, na opinião do professor do Instituto de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UNB), Paulo César Nascimento, são as demais ex-repúblicas soviéticas. Algumas delas, como a Ucrânia, já foram alvo de retaliações no passado. "O país pode ver surgirem tensões separatistas na Criméia ou sofrer com a falta de gás no inverno", diz.

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