• Carregando...
O jornalista Konstantin Gabov, em cela do Tribunal Distrital de Basmanny, na Rússia.
O jornalista Konstantin Gabov, em cela do Tribunal Distrital de Basmanny, na Rússia.| Foto: Divulgação/Tribunal Distrital de Basmanny

Dois jornalistas russos foram presos acusados pelo regime do ditador Vladimir Putin de “extremismo”, por trabalharem em um grupo fundado pelo político de oposição Alexey Navalny, morto em fevereiro em uma prisão no ártico. Konstantin Gabov e Sergey Karelin são acusados ​​de produzir conteúdo para o canal de Navalny no YouTube, “NavalnyLIVE”, que publica vídeos investigando a corrupção no Kremlin que acumularam milhões de visualizações. As autoridades russas designaram Navalny, e as suas organizações como “extremistas”. Outros membros da equipe já foram presos e muitos vivem no exílio.

O Tribunal Distrital de Basmanny, em Moscou, alega que Gabov estaria envolvido na “preparação de materiais de foto e vídeo” para o canal do YouTube. Ele foi preso no sábado e permanecerá detido pelo menos até 27 de junho, quando poderá receber uma pena definitiva. Gabov já trabalhou para vários meios de comunicação estrangeiros e russos nos últimos anos, incluindo a Reuters e a emissora alemã Deutsche Welle. Já Karelin, que tem dupla cidadania israelense, foi preso na região noroeste de Murmansk, também acusado de “participação em uma organização extremista”. Atualmente, ele trabalhava para a agência internacional de notícias Associated Press (AP).

A Forbes Rússia também informou que um de seus jornalistas, Sergey Mingazov, foi detido na sexta-feira (26) pelo governo ditatorial de Vladimir Putin e deverá ficar em prisão domiciliar por pelo menos dois meses. A agência de notícias estatal russa RIA Novosti, confirmou a detenção e a prisão domiciliar, sob a justificativa de que o jornalista teria espalhado “notícias falsas sobre as Forças Armadas russas”.

O advogado de Mingazov, Konstantin Bubon, explicou o cliente teria replicado em seu canal do Telegram uma notícia sobre o massacre em Bucha, cidade próxima de Kiev, capital ucraniana. O episódio, conhecido como um dos mais sangrentos da guerra na Ucrânia, aconteceu em abril de 2022, pouco tempo depois da invasão do território ucraniano pelas tropas russas. Após a saída dos russos da cidade, as autoridades ucranianas encontraram mais de 400 corpos de civis nas ruas, muitos com as mãos amarradas e tiros na nuca, sinais claros de execução. A Rússia sempre negou envolvimento na ação, e aplicou sanções a comentários de jornalistas sobre o assunto. Meses após o massacre em Bucha, a 64ª Brigada Independente Motorizada, acusada pelas autoridades da Ucrânia de estar envolvida no episódio foi condecorada por Vladimir Putin “pelo heroísmo e coragem, pela integridade e o valor demonstrado pela brigada nos combates para defender a pátria e os interesses do Estado”.

Mingazov não é o único jornalista a ser punido por relatar as atrocidades dos russos em território ucraniano. Em dezembro do ano passado, o governo ditatorial russo emitiu um mandado de prisão contra a jornalista e escritora russo-americana Maria Alexandrovna Gessen, conhecida como Masha, que mora nos Estados Unidos. A jornalista foi acusada de propagar “fake news” devido a comentários que fez sobre o massacre de Bucha, em entrevista a um canal no YouTube.

Desde o início da guerra, o regime de Putin tem aumentado a perseguição a jornalistas e à imprensa. Roman Ivanov, um jornalista do portal regional russo RusNews e criador de um canal de notícias no aplicativo de mensagens Telegram, por exemplo, foi condenado em março deste ano a sete anos de prisão por ter espalhado “informações falsas” sobre as ações do Exército russo na Ucrânia. Outra jornalista, Maria Ponamorenko, já havia sido condenada a seis anos de prisão, em março do ano passado, por reportagens sobre a invasão russa na Ucrânia.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]